GOVERNO DO ESTADO DE
SÃO PAULO
SECRETARIA DE
AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
INSTITUTO DE PESCA
Danielle Carla Dias
Fernanda M. França
ISSN 0103-1767
Bol. Téc. Inst. Pesca São Paulo 31 outubro 2001
PALESTRA 1 - PRODUÇÃO E
COMÉRCIO DE RÃ NAS AMÉRICAS E EUROPA
Rui D. Teixeira[1],
Sílvia C. R. Pereira Mello[2]
e
Durante muitos anos os dados estatísticos sobre o mercado
internacional de coxas de rã sempre foram extremamente limitados,
desatualizados, não acurados e/ou incompletos. Nos últimos cinco anos a situação
melhorou consideravelmente, apesar de ainda estar longe do desejável.
Estudiosos como Negroni (1997), Lima (1999), Flores-Navas (1997) e Martin
(2000), dentre outros, publicaram informações das mais importantes sobre o
tema. Com base nos dados destes autores e nas informações obtidas com a
colaboração de dezenas de outros colegas, foi possível realizar um trabalho de
investigação de cerca de 14 meses que resultou na publicação de um estudo sobre
o mercado mundial de coxas de rã (Teixeira
et al., 2001), do qual esta
apresentação faz um resumo.
Ainda é extremamente difícil de fazer considerações
concretas sobre a oferta e demanda atual do mercado de coxas de rã e suas
futuras tendências. Os dados estatísticos disponíveis indicam que o comércio
internacional de coxas de rã está passando por uma fase de crescimento, depois
de sofrer um drástico colapso como resultado da exclusão da Índia e Bangladesh
do mercado exportador (1985-1992). Nos dias atuais o comércio parece haver se
recuperado e ter uma tendência à expansão. As exportações, importações e os
preços estão aumentando.
Em 1998 o comércio internacional de coxas de rã envolveu
mais de 30 países e foi avaliado em aproximadamente 48,7 milhões de dólares
norte-americanos. Um número significativo de países em desenvolvimento,
principalmente asiáticos, figura como principais atores. Indonésia, República
Popular da China, Vietnam, Taiwan Província da China, competem agressivamente
no mercado com novas tecnologias de produção e comercialização. Contudo, a produção
resultante da caça domina o mercado internacional, com numerosas conseqüências
negativas. Quase a totalidade da produção de rãs cultivadas é comercializada
nos mercados locais ou regionais dos países produtores, enquanto que
aproximadamente 95% da demanda mundial é suprida por produtos oriundos da caça.
Assim, continua crescendo a preocupação sobre os riscos de redução dos estoques
naturais de rã. Como resultado, existe uma pressão cada vez maior dos grupos
ambientalistas visando a suspensão do comércio baseado nas capturas. Por outro
lado, o aumento da demanda pela rã e seus produtos tem promovido o
desenvolvimento da busca por métodos viáveis de cultivo do animal. Os
ranicultores têm uma grande oportunidade de conquistar o mercado, pois as rãs
cultivadas são consideradas vantajosamente como um produto “ecologicamente
sadio”, uma alternativa correta para as operações de caça dos recursos
naturais. A qualidade e inocuidade dos produtos obtidos a partir da rã
cultivada podem ser garantidas, bem como a estabilização dos estoques.
Portanto, será necessário concentrar esforços na promoção da ranicultura e seus
produtos.
Os Estados Unidos aparecem como o mercado importador mais
atrativo, desde que sua demanda é insatisfeita e ele paga mais do que os países
da União Européia. Não obstante, o quadro futuro é complicado pela atual
frustração do consumidor norte-americano que não é capaz de encontrar o produto
sempre disponível. Os recentes e dramáticos acontecimentos ocorridos no país
vizinho também afetam as reações deste mercado. Deve-se também levar em conta
que o mercado estadunidense para coxas de rã não é elástico, ilimitado –
aplicando-se a Europa a mesma restrição. Uma redução de preços não estimulará
as vendas tanto quanto se possa imaginar. Existem pouquíssimos estudos de
mercado, porém aqueles disponíveis indicam que um número reduzido de pessoas
come carne de rã – outros jamais terão coragem de toca-la! Urge desenvolver e
aplicar novas técnicas de produção, comercialização e distribuição.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Flores-Nava,
A. Some considerations on the
international market for frog products with emphasis on the United States. In Encontro Nacional de Ranicultura, 9.; International
Meeting on Frog Research and Technology, 2., Santos, 1997. Anais p.19-25.
Lima,
S.L.; Cruz, T. A.; Moura, O. M. Ranicultura: Análise da Cadeia
Produtiva. Editora Folha de Viçosa, Viçosa, MG, Brazil, 1999. 172pp.
Martin, R. E. Frogs and Frog Legs. In: Aquatic
marine and freshwater products Handbook. Edited by R. Collette, R. E.
Martin, Technomics, New York, USA:229-301. 2000.
Negroni, G. Frog
culture. World Aquaculture, March,
1997.
Teixeira, R. D., Pereira Mello, S. D. R.; Lima dos
Santos, C. A. M. The world market for frog legs, FAO/GLOBEFISH
Research Programme, Rome, FAO, 68. 2001.44p.
PALESTRA 2 - PRODUÇÃO E MERCADO DA CARNE DE RÃ NOS PAÍSES ASIÁTICOS
Prof. Dr. Universidade
Estadual de Santa Cruz - Ilhéus - BA
Uma das etapas de execução do
Projeto Plataran envolveu a investigação de possíveis países concorrentes na
produção e comercialização de rãs Após intensa busca de contatos foi possível
programar um roteiro de viagem que começou por Taiwan, passando pela República
Popular da China (China continental) e terminando na Tailândia. A Indonésia,
que a princípio estava incluída entre a lista de países a serem visitados, foi
excluída devido a problemas sociais que este país se encontrava. Ao chegar em
Taipei, capital de Taiwan, o pesquisador Ming Chao-Ling, da National Taiwan
University, apresentou o líder dos ranicultores da cidade de Ping Tong,
localizada no sul da Ilha. Esta se caracteriza por ser uma região agrícola,
tendo as culturas de arroz, banana, goiaba, palmeira e as produções de frango,
camarão de água doce e rã-touro (Rana
catesbeiana) como as principais atividades. Nessa cidade estão localizados
mais de 90% de todos ranários (cerca de 250 a 300) de Taiwan, que em média têm
área superior à 1200m2.
O líder local, além de trabalhar diretamente na produção
da ranicultura taiwanesa, também organiza as transações comerciais para venda
das rãs em Taipei. Parte da produção é vendida viva ou congelada no mercado
local e outra parte, é exportada viva ou como coxas, principalmente para os EUA
e, em menor proporção, para a França. Segundo as informações locais, entre os
países asiáticos, Taiwan detém a maior parcela de exportação de rãs
provenientes de cativeiro, tendo a produção anual estimada em 3.000 toneladas
de rãs vivas. Assim como no Brasil, os órgãos oficiais locais não possuem dados
precisos de produção, abate e comercialização dos produtos da rã.
O
sistema inundado é amplamente difundido e utilizado em todos os ranários da
ilha. Os primeiros modelos de ranários, construídos a mais de 20 anos, eram
semelhantes ao nosso conhecido sistema tanque-ilha. Muitos aperfeiçoamentos
levaram às instalações preconizadas atualmente, caracterizadas por baias de
alvenaria com área útil variando de 16 a 25 m2, paredes laterais com
altura de 50 cm e cobertura de sombrite.
O nível da água nas baias destinadas a fase de recria
varia de acordo com o tamanho dos animais, de modo que somente o corpo dos
animais fique submerso. A água nessas baias é constantemente renovada, entrando
por um cano localizado acima do nível desejado e o escoamento é controlado por
um cotovelo móvel, instalado externamente à baia. Uma limpeza mais rigorosa é
feita a cada 15 dias, utilizando apenas vassoura. Essas baias também são
utilizadas para a obtenção de desovas (setor de reprodução), desenvolvimento
dos girinos (setor de girinos) e produção de rãs (setor de recria), sendo as
práticas de manejo as principais diferenças entre cada um desses setores. Para
o setor de reprodução, as baias têm 1/3 da área coberta com aguapés (local da
desova) e a relação entre machos e fêmeas é de 1:1 num total de 40 reprodutores
por baia de 25 m2. Alguns ranicultores adquirem girinos de outros ranários que têm na
comercialização do excedente uma fonte de renda secundária. Situação semelhante
é observada na ranicultura brasileira, principalmente nos meses mais quentes do
ano, quando a oferta de girinos em algumas vezes excede a demanda.
O período de reprodução da rã-touro em Taiwan se estende
de fevereiro a agosto, que corresponde às estações de primavera e verão no
hemisfério norte. Imediatamente após a desova ter ocorrido, os ovos são
transferidos para tanques menores (1,0x1,0x0,20m), ficando na superfície da
água, sobre pedaços de telas de nylon e protegidos da insolação direta.
Decorrido o tempo para que os
girinos atinjam aproximadamente 1cm, estes são transferidos
para as baias maiores com lâmina d’água em torno 30 cm.
Alguns
girinos albinos foram encontrados em um dos ranários, e segundo o líder local,
quando alcançam a fase pós-metamórfica, não apresentam capacidade de
reprodução. Esta variação incomum e também observada no Brasil confere menor
resistência aos animais.
Concluída
a metamorfose (± 3 meses), os imagos permanecem na
mesma baia com densidades inicial de 200 rãs/m2, sendo
gradativamente reduzida para 120 rãs/m2 quando os animais chegam a
300 gramas (6 a 7 meses). A triagem dos animais, feita constantemente, vai do
início da fase de recria até as rãs atingirem peso médio de 40 gramas. O
objetivo desse trabalho é uniformizar o tamanho dos animais, diminuindo assim
problemas de competição e canibalismo.
O
índice de sobrevivência desde a desova até o peso de mercado (300 gramas),
estimado em 30% é inferior ao observado em muitos ranários no Brasil. O custo
de produção gira em torno de US$1,7/kg vivo e o preço médio praticado para
exportação por quilo vivo é de US$2,7.
De acordo com produtores de Taiwan,
as principais doenças que atacam as rãs são: Red Leg e distúrbios no Sistema
Nervoso Central, cuja sintomatologia é a falta de equilíbrio e comportamento
giratório (diagnóstico também detectado no Brasil). No passado alguns problemas
com rãs apresentando intestino com sinais
hemorragia aconteceram quando se utilizava larva de mosca obtida na natureza. O
período de maior incidência de doenças ocorre no verão, embora seja a época de
melhor crescimento das rãs.
A temperatura
considerada ideal para o desenvolvimento dos animais, encontra-se entre 25 e 30°C.
Segundo Braga et al. (1995) e Figueiredo et al.
(1997) o melhor desempenho da rã-touro experimentos realizados no Brasil,
também ocorreu nessa faixa, entretanto Fontanello
et al. (1993), concluíram que
temperaturas mais elevadas (médias máximas acima de 40°C)
observadas em baias do sistema tanque-ilha foram responsáveis pelo melhor desempenho
das rãs.
Os
produtores taiwaneses utilizam ração extrusada, lançada diretamente na água. As
rações provenientes de diferentes fábricas de Taiwan possuem a mesma composição
e são vendidas com cinco diferentes tamanhos de péletes. O custo é de US$0,80/Kg
e, segundo alguns ranicultores, a conversão alimentar é de 1:1 (relação
dificilmente encontrada em situações de campo nos ranários no Brasil).
O
abate das rãs, tanto para venda no mercado interno como para exportação, ocorre
em galpões abertos com cobertura de telhas, localizados próximo aos ranários.
As rãs são colocadas em recipientes com água e gelo, e o processamento ocorre
sobre uma mesa de inox de 5 metros, com dez pessoas (cinco de cada lado). A
carcaça é deixada durante a noite em uma solução de água clorada para
desinfecção e posteriormente embalada e congelada em freezer. A embalagem
plástica não contém nenhuma especificação sobre o produto, validade e
procedência das rãs. Somente as destinadas à exportação contém informações
sobre o revendedor e peso da embalagem. O interesse pelo mercado de rãs vivas
se dá pelo fato das pessoas apreciarem pratos feitos não só com a carne, mas
também com certas partes das vísceras (como o estômago).
A
segunda parte da viagem que foi realizada com o apoio da Embaixada do Brasil na
República Popular da China me possibilitou conhecer Beijing Fisheries Research
Institute (Instituto de Pesquisas com Pescados de Pequim). O pesquisador Dr.
Qiu Liming responsável pela área de ranicultura do Instituto além de coordenar
a visita, viabilizou a obtenção de todas as informações solicitadas.
A criação de rãs na China foi
iniciada a partir de 1959, quando casais de rã-touro trazidos de Cuba, foram introduzidos
no país. No mesmo período também foi introduzida no Japão, mas atualmente
mantém apenas produção em laboratório para execução de experimentos. O clímax
da ranicultura em termos de quantidade de rãs produzida na China foi entre 1994
e 1996, coincidindo com a introdução do sistema inundado na costa sudeste do
continente. O preço no início desse período chegou a 50 Yuan/kg (1US$=8,29
Yuan’s) e este foi o principal fator a
incentivar o aparecimento de inúmeros ranários. Como houve uma super oferta do
produto no mercado, o preço despencou e muitos ranários foram fechados.
Atualmente a situação se encontra mais estável com o quilo vivo variando de 20
a 30 Yuan’s.
Além da Rana catesbeiana, existem mais outras quatro espécies do mesmo
gênero de acordo com informações do Dr. Qiu Liming. A R. grylio também originária da América do Norte, tem peso máximo
entre 600 e 800 gramas e é tão cultivada na China quanto à própria rã-touro.
Outras três espécies são encontradas naturalmente no território chinês. A R. boulengeri, com peso máximo de 400
gramas é muito procurada por ter indicação médica (no tratamento de doenças
digestivas) e por isso, está cada vez mais difícil de encontrá-la. A R. temporaria chensinensis (peso máximo
= 100g) e R. tigrina rugulosa (originária
da Tailândia) começaram a ser criadas em cativeiro a partir de 1994, em pequena
escala.
A diversidade
climática, aliada às peculiaridades das regiões explica as diferenças
observadas entre as instalações utilizadas pelos ranários em diferentes regiões
da China. O maior número de ranários se concentra nas regiões mais ao sul do
país onde a temperatura é mais favorável para o desenvolvimento das rãs. De uma
forma geral pode-se destacar três formas básicas (sistemas) para criação de rãs
nesse país. A primeira delas é caracterizada por um sistema semi-intensivo,
onde as rãs são criadas nos tabuleiros de arroz nos meses mais quentes do ano.
Na primavera, imagos produzidos em estufas agrícolas (green houses) ou mesmo em tanques de terra maior com uma ilha central
são colocados nos tabuleiros de arroz, cercados com tela de nylon. Nesse
momento as plantas têm altura próxima a 25 cm e as rãs apresentam peso entre 25
a 30 gramas. O arraçoamento é feito apenas no início até que a população de
insetos (atraídos à noite por lâmpadas) seja suficiente para garantir a
alimentação dos animais. O ponto de colheita do arroz coincide com a coleta das
rãs e este processo é utilizado até o início de outono.
O segundo
sistema é semelhante ao de baias inundadas, utilizado em Taiwan, porém não é
muito difundido por requerer maior custo de implantação. Para conhecer o
terceiro e último sistema fomos para uma outra ilha, localizada mais ao sul da
China: Província de Hainan, com 38.000 km2. Inicialmente a produção
de rã na província de Hainan, se caracterizava pela exploração da rã-touro,
entretanto, os consumidores de rãs têm preferência pelo sabor da carne da R. tigrina rugulosa. A criação desta
espécie alcançou maior desenvolvimento em 1998, ano em que a produção chegou a
800 toneladas de animais vivos.
Uma das cidades da Província de
Hainan, com 40.000 habitantes possui 58 ranários, todos com o mesmo modelo,
copiado de um ranário pioneiro na região, implantado em 1994, com mais de um
hectare de área construída. As baias com 12 m2 têm uma ilha de 2m2,
localizada sob a parte coberta que representa 1/3 da área da baia. As baias têm
a versatilidade de serem usadas para obtenção de desovas e criação de girinos e
rãs, variando-se apenas a densidade de animais e o nível da água.
Os diretores de Departamentos de Agricultura e
Aqüicultura da província estão muito interessados em iniciar a exportação de
animais, e por isso, querem saber informações a respeito do processamento e
comercialização do produto. Reconhecem a necessidade de obter mais tecnologia
para executar tais procedimentos, propondo para isso a formação de parcerias
com países com o Brasil. O comércio de rãs nessa província ocorre em mercados e
também em restaurantes, onde são expostas em aquários ao público. Após a
escolha do animal, esse é abatido em casa ou na cozinha do restaurante e limpo
de forma bastante semelhante ao pescado em geral. Era comum encontrar pratos a
base de carne de rã nos cardápios dos melhores restaurantes das cidades.
A maior parte da produção chinesa de
rãs é consumida internamente, pois tradicionalmente a carne de rã é utilizada
na culinária e a forma mais comum de comercialização nos mercados é a venda de
animais em pacotes de 500 gramas, com preço variando de 12 a 15 Yuan’s,
enquanto que nos restaurantes os pratos têm preços triplicados. Como existe um
mercado informal bastante significativo e não há nenhum controle por parte de
instituições ou mesmo de associações, o volume de produção é praticamente
impossível de se mensurar. A venda de rãs nos mercados populares de Beijing
(Pequim) está proibida pelo governo há dois anos, devido a constatação de
contaminação por cólera. De acordo com as normas locais, somente pode-se obter
carne de rã em restaurantes, porém consegue-se comprar o animal vivo em mercados
clandestinos.
O interesse de conhecer o sistema de
produção de rãs utilizando estufas agrícolas me levou a visitar a Província de
Hebei, situada a 100 km ao sul da capital, onde o clima é frio da região, com
temperatura ao redor de 10°C no início da primavera. Nesse
sistema os imagos produzidos em estufas, ao invés de serem colocados nos
tabuleiros de arroz, permanecem nas estufas até o ponto de venda. Cada módulo
tem aproximadamente 200 m2 e as paredes laterais têm estrutura de
tijolo maciço. O teto coberto por plástico apresenta uma inclinação onde o lado
mais alto tem altura de 1,80m e o mais baixo ao redor de 40 cm, em relação ao
chão. A piscina, com profundidade máxima de 50 cm representa 50% da área do
piso e a parte seca de cimento é utilizada para a colocação do alimento. A
obtenção de desovas e o desenvolvimento de girinos e rãs ocorrem em módulos
exatamente iguais ao descrito anteriormente. Para as rãs em crescimento, a
densidade utilizada nesse tipo de instalação é de 5 rãs/m2 e a porcentagem
de sobrevivência do girino até o animal adulto é inferior a 10 %, sendo que na
fase inicial acontecem as maiores perdas.
Dr. Qiu Liming, relatou que na
década de 80 foram usados outros alimentos alternativos como peixes, porém com
o aumento da produção de rãs houve a necessidade de se utilizar alimentos de
maior qualidade nutritiva e em maior quantidade. Inicialmente importava-se
ração de Taiwan que posteriormente passou a ser
fabricada no próprio país. Para os girinos, a porcentagem de proteína nas
rações é de 40%, para rãs jovens é de 36% e, para os adultos e reprodutores, 30
%; as matrizes recebem ração com maior quantidade de minerais. O valor pago por
quilo de ração decresce a medida que se reduz o teor de proteína.
Utiliza-se ração e alta porcentagem
de larvas de Tenébrio utilizados como atrativo. Na opinião do produtor é mais
fácil produzir larvas deste coleóptero do que as larvas de mosca, com custo de
produção ao redor de US$0,50/quilo. Problemas com doenças, especialmente a do
“olho branco” (com pouca importância no Brasil), ocorrem principalmente no mês
de setembro após o término do verão.
A última parte da viagem ficou reservada à Tailândia. Na
capital, Bangkok a produção de rãs não é permitida pelo governo. Entretanto, na
Chulalongkorn University realizam-se pesquisas com rãs nas áreas de reprodução,
genética, entre outras. A Dra. Putsatee Pariyanonth, professora de Biologia
nessa universidade, localizada na capital me auxiliou nas visitas aos ranários
da cidade de Chiang Mai, localizada a 400 Km ao norte da cidade de Bangkok,
cuja temperatura ambiente é bastante conveniente para a criação de rãs. Tais
temperaturas se assemelham as encontradas na região Centro-Oeste do Brasil.
Grande parte da
produção é consumida no próprio país e uma pequena parte é exportada
esporadicamente para países vizinhos como Singapura. Os tailandeses têm o
hábito de comer carne de rã, sendo que a rã da espécie Rana rugulosa é mais apreciada que a R. catesbeiana. Além da carne, os tailandeses alimentam-se também
das vísceras, e em alguns pratos a pele é mantida.
A R. rugulosa, é encontrada naturalmente
em vários locais na natureza e também na maioria dos ranários. O tempo
necessário para que essas rãs alcancem a metamorfose varia de 28 a 45 dias,
atingindo ponto de venda após cinco a
seis meses, tempo este semelhante ao observado para o desenvolvimento da
rã-touro. O animal é vendido vivo nos mercados com peso médio de 200 gramas e o
preço por quilo varia entre US$ 4,00 e US$ 5,00.
Os ranários das
propriedades visitadas em Chiang Mai, caracterizadas por áreas planas de
baixada e de montanha, podem ser separados em 3 grupos de ranicultores
distribuídos em pequenas vilas da cidade. O 1o situado na parte intermediária
das montanhas é representado por pequenos produtores rurais, os quais têm grande
diversidade na produção, sendo a ranicultura mais uma opção de fonte de renda.
Em geral, possuem em torno de 8 a 10 baias, com área inferior a 4m2/baia.
Produzem principalmente a rã nativa, ficando o período de inverno destinado à
produção da rã-touro que, segundo eles, tem melhor desempenho nessa estação.
O segundo grupo, localizado nas
partes mais altas da montanha refere-se a produtores que se estabeleceram em
áreas irregulares e ainda menores que as anteriores. No entanto, a ranicultura
tem a mesma função de complementação de renda. Cada produtor, normalmente, tem
no máximo duas baias (1X2m). A preferência nesse grupo é pela rã-touro, pois
segundo eles, é mais fácil de ser criada e nos meses de baixa temperatura,
quando não se encontra a rã nativa no mercado, a rã-touro alcança mais valor.
No último grupo que ocupam áreas
planas como no primeiro, as baias de diferentes produtores estão localizadas em
uma mesma área. A mesma instalação é utilizada para a produção de girinos e
rãs. A densidade normalmente preconizada é de 100 rãs/m2,
independente da espécie produzida. Todos os produtores visitados são assistidos
pelo Huai Hong Khrai Royal Development Study Center, onde a Dra. Putsatee
realiza pesquisas, ensino e treinamento, além do trabalho de reprodução e
distribuição de girinos para os produtores. Nesse Centro existem baias com a rã
nativa e a rã-touro, que são consideradas matrizes. Através da aplicação de
hormônios gonadotróficos é possível a obtenção de desovas dessas espécies por
um período maior de tempo quando comparado com situações naturais. Os girinos
são transferidos para outros tanques nos primeiros dias de vida, onde recebem
oxigenação.
Quanto
à alimentação, todos os produtores são instruídos a fornecer aos animais ração
comercial, destinada à criação de catfish. Para os girinos, o arraçoamento é
feito com péletes extrusados contendo 35% de proteína bruta. Após a
metamorfose, os imagos são alimentados com péletes pequenos e a medida em que
as rãs se desenvolvem, aumenta-se o tamanho do peleje, também reduzindo o teor
de proteína. O custo da ração está próximo de US$0,50/kg e, até o momento não
existem problemas com doenças na ranicultura tailandesa.
Outros países como a Malásia, Indonésia, Vietnã e
Tailândia também participam do mercado de exportação de rãs, mas infelizmente
não foi possível obter informações concretas da atividade nesses países. Como
resultado da visita pode-se perceber que o consumo de carne de rã é bastante
comum entre os asiáticos e que Taiwan é um dos locais mais evoluídos na técnica
de criação em cativeiro, apresentando boa produtividade e mercado consolidado.
AVALIAÇÃO DA
TOXICIDADE DO COBRE EM GIRINOS DE Rana catesbeiana Shaw, 1802
A poluição por
agrotóxicos e metais pesados vem aumentando continuamente nos últimos anos,
como consequência do grande número desses compostos lançados no ambiente aquático.
Desta forma, há um interesse crescente na identificação de marcadores
biológicos potenciais como indicadores desse tipo de poluição. No Brasil, a
agroindústria é uma atividade em franco desenvolvimento sendo responsável por
grande parte da balança comercial do país. Para garantir a eficiência dessa
atividade, os empresários e produtores rurais muitas vezes se utilizam produtos
químicos com intuito de garantir e maximizar suas produções. Contudo, a
administração desses produtos nem sempre é efetuada de forma controlada, sendo
que seu uso indiscriminado mesmo de forma profilática pode trazer consequências
gravíssimas ao meio ambiente. Os metais pesados como o cobre, o zinco e outros
têm grandes significados biológicos, sendo importantes ao bom funcionamento dos
organismos, onde desempenham valiosas funções. Entretanto, são facilmente
bioconcentrados nos tecidos adiposos e na musculatura dos organismos aquáticos,
comprometendo-os para o consumo humano.
Vários autores discorrem
sobre a importância da realização de testes de toxicidade com organismos
aquáticos, considerando-os como uma maneira de alertar para um possível
problema ambiental, uma vez que os xenobióticos podem ser transmitidos
indiretamente a outros organismos, inclusive ao homem, através da cadeia
trófica. Enfatizam ainda, que os relatos de efeitos teratogênicos, mutagênicos
e especialmente carcinogênicos, embora até o momento dificilmente confirmados
por dados clínicos ou epidemiológicos na espécie humana, justificam a
necessidade da realização de testes laboratoriais rigorosos de previsão de
risco. A utilização de indicadores
biológicos ou animais sentinelas para monitorar o ambiente e prever doenças
tóxicas constitui-se em uma importante ferramenta a ser pesquisada. Os
anfíbios, por exemplo, são considerados animais sentinelas por serem alvo
direto de poluição atmosférica e aquática, devido as suas características
anatômicas e fisiológicas. Discute-se que talvez devido a esses fatores, ou
seja, sua alta sensibilidade, várias espécies estejam sofrendo extinções
locais. Vários autores propõem a utilização de girinos de Rana catesbeiana (rãs-touro) em experimentos de toxicidade e
poluição aquática pela sua ampla ocorrência, facilidade de criação, aquisição e
manutenção em laboratório e por tratar-se de um animal elo na cadeia alimentar
de vários vertebrados. A rã-touro (R.
catesbeiana) enquadra-se dentro da família Ranidae que agrupa as rãs verdadeiras. Essa família possui ampla
distribuição mundial, com cerca de 36 gêneros e centenas de espécies, dentre os
quais destaca-se o gênero Rana. Este
gênero possui grande importância, em decorrência de seu emprego em criações
comerciais. Dado o interesse econômico que ela propicia ao País, passou a ser
uma espécie intensivamente estudada, sob o ponto de vista biológico e de
produção, mantendo o Brasil na vanguarda desses estudos. As rãs-touro toleram
águas poluídas e lamacentas melhor do que outras rãs, e podem ser encontradas
em charcos e arrozais com águas estagnadas. Além disso, elas, assim como outros
anuros são “homebodies”, ou seja, toleram altas cargas de poluição e não migram
para outros locais menos afetados. Pelo contrário esses organismos buscam a
homeostase tentando adaptar-se às situações.
Juntamente com o rápido
desenvolvimento dos agrotóxicos, testes de toxicidade
têm sido utilizados na determinação de efeitos tóxicos em organismos aquáticos.
A exposição a um agente tóxico pode ser aguda, quando a dose letal do tóxico é
liberada em um único evento e rapidamente absorvida, ou crônica, quando
liberada em eventos periodicamente repetidos, em doses subletais, durante um
período de tempo. Os testes de toxicidade aguda podem durar horas ou dias,
geralmente 96 horas em organismos aquáticos. Esses testes têm por objetivo
determinar a concentração letal média (CL50) em que metade dos
indivíduos morre depois de determinado tempo de exposição ao agente tóxico. Os
testes de toxicidade crônica (abaixo da CL50) dependem diretamente
dos resultados dos testes de toxicidade aguda, uma vez que as concentrações
subletais são calculadas a partir da CL50.
Em
experimentos de
toxicidade, antes que ocorra a letalidade sobre os organismos, manifestam-se em
um primeiro momento, os efeitos subletais, geralmente em escala bioquímica e
molecular ou mesmo no próprio material genético. Desta forma o Instituto de
Pesca/SP realizou testes de toxicidade aguda e crônica com o cobre. Para
determinação da CL50 utilizaram-se às concentrações de 2,0; 4,0 e
8,0 mg Cu/L, além de um grupo controle. O teste teve a duração de 96 horas e
foi conduzido em sistema estático. Verificada a CL50, iniciou-se o
teste de toxicidade crônica com concentrações sub-letais (CL50, CL50/2;
CL50/10; controle positivo e controle negativo) com duração de 312 horas.
Esse foi conduzido em sistema semi-estático com renovação a cada 96 horas (3
re-intoxicações: 96, 192 e 288 horas). A água utilizada no experimento foi
destilada e deionizada, sendo reconstituída com sais (KCl, NaHCO3,
CaSO4.2H2O e MgSO4) para tamponar o pH e
obter-se uma dureza de 21,8 mg CaCO3/L. O valor da CL50
obtido no teste de toxicidade aguda foi de 2,4 mg Cu/L para girinos de 6,13 g e
tamanho médio de 8,97 cm.
Durante o teste de
toxicidade crônica os valores de amônia (NH4) obtidos para cada
sub-período de intoxicação foram elevados quando analisados isoladamente, mas
não o bastante para interferir na condução dos testes, ou seja, obteve-se
sobrevivência de 100% para os grupos controle positivo e negativo. Contudo,
observou-se grande mortalidade a partir da 2a re-intoxicação nas
dosagens mais altas, chegando a 100% nas concentrações de 1,2 mg Cu/L e 2,4 mg
Cu/L, demonstrando que esses indivíduos não suportam exposições prolongadas.
Registrou-se progressiva perda de peso ao longo do período de exposição
diretamente correlacionada as dosagens mais altas. Análises preliminares do
sangue e fígado desses animais indicam que existem efeitos tóxicos subletais do
cobre tais como: aumento agudo da quantidade de neutrófilos, processo anêmico
progressivo e hepatite crônica dose-dependente para as condições testadas.
Pelos
resultados encontrados, sugere-se aos criadores que antes de utilizarem
soluções profiláticas a base de cobre, tais como o verde de malaquita e o
sulfato de cobre em seus ranários, procurem orientação profissional para
utilização da dosagem adequada. Aos pesquisadores sugere-se que realizem
estudos mais aprofundados, não apenas sobre o impacto ambiental de produtos
profiláticos como o cobre, mas também sobre as implicações histológicas em
diversos órgãos de animais utilizados em aquicultura comercial.
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A Rana catesbeiana COMO MODELO EXPERIMENTAL
Dra.
Faculdade de Medicina da USP - SP
Devido a peculiar permeabilidade de suas membranas em
contato direto com meio externo, bem como a versatilidade de seu ciclo de vida,
os anfíbios funcionam como sentinelas naturais dos efeitos causados pelas
condições adversas ambientais (Larson;
Fivizzani, 1994). Por serem extremamente vulneráveis às alterações
ambientais, algumas espécies de anfíbios - em especial durante as fases
embrionária e larval - têm sido
utilizadas como indicadores biológicos para definir respostas fisiológicas,
bioquímicas ou histológicas às agressões causadas pela contaminação aquática (Larson; Fivizzani, 1994). Diante de sua
sensibilidade, o uso de anfíbios como animais indicadores de poluição reflete
uma nova perspectiva na avaliação do potencial tóxico de poluentes aquáticos.
O uso de animais experimentais em
laboratório requer cuidados. A utilização de anfíbios em fase larval e,
portanto, estritamente aquática, facilita os procedimentos de manutenção e
manejo, pois estes se adaptam perfeitamente a pequenos aquários instalados em
ambiente restrito de laboratório. Além disso, a espécie de anfíbio utilizada é
de fácil aquisição. Atualmente, a ranicultura garante a demanda experimental de
Rana catesbeiana, permitindo seu uso
em todas as fases do seu desenvolvimento e nas mais variadas áreas de
investigação científica. No contexto biomédico, estes animais são amplamente
utilizados, principalmente na fase adulta, como substrato de ensino e pesquisa,
nas escolas e universidades. Porém, sua manutenção para fins acadêmicos ainda
se procede de maneira arbitrária. No entanto, em pesquisa animal, a validade e
reprodutibilidade de dados são influenciadas por pelo menos três importantes
variáveis: background genético, ambiente físico e status microbiológico do
animal de experimentação (Rehg; Toth,
1998). Para tanto, se faz necessário desenvolver “habitats” de laboratório
compatíveis, tanto com a possibilidade de estabelecer e manter um modelo
experimental anfíbio padronizado, quanto com o ambiente (geralmente restrito)
de laboratório, minimizando trabalho e custos materiais e adaptando técnicas de
manutenção e manejo às facilidades já estabelecidas em rotina de biotério. Para
espécies semi-terrestres, tal como a Rana
catesbeiana cuja fase adulta se procede em terra e, que, portanto
necessitam de dois tipos de ambientes – o seco e o aquático, poucos são os
estudos e relatos a respeito de suas manutenções em laboratório. A otimização
de instalações e padronização de técnicas de manutenção e manejo para R. catesbeiana em fase adulta, poderá
possibilitar a sua utilização como modelo biológico capaz de fornecer e
reproduzir resultados experimentais seguros e conclusivos em futuras pesquisas
científicas.
A fim de explorar as facilidades e o
potencial dessa (rã-touro) como animal experimental, fez-se necessário
desenvolver um protótipo para micro-ambiente para anuros semi-terrestres (Bueno-Guimarães, 1999). Considerando
os fatores ambientais naturais determinantes para o seu desenvolvimento em
cativeiro, avaliou-se sua adaptabilidade da Rana
catesbeiana em condições ambientais artificiais de biotério. A partir de
então, o Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo, no intuito de ampliar a sua linha de
atuação em poluição em meio aquático, iniciou uma série de estudos envolvendo
indicadores biológicos de resposta histopatológica em anfíbios (Bueno-Guimarães, 1999, Bueno-Guimarães et al., 2001). Para este estudo, dois
cenários de intoxicação foram desenvolvidos: a) Foi estudada a resposta da Rana catesbeiana em sua fase larval
(girinos) a um poluente químico solúvel – o formaldeído – tendo em vista
alterações histopatológicas da epiderme e do epitélio branquial e b) Em uma
segunda fase, foram avaliadas alterações morfológicas de glândulas mucosas, bem
como, reações imuno-histoquímicas de componentes celulares do epitélio de
revestimento externo de rãs adultas frente a acidificação da água. Em uma
terceira perspectiva, pretende-se ainda explorar o uso da rã-touro em sua fase
embrionária, em estudos toxicológicos sobre os efeitos da contaminação da água
e solo (sedimento de leitos aquáticos) com metais pesados, avaliando parâmetros
de alterações histológicas, bem como efeitos no âmbito das mal formações
(teratogênese).
O anfíbio anuro
da espécie R. catesbeiana, criado em
cativeiro, tem se mostrado uma poderosa ferramenta nos estudos dos efeitos
deletérios da poluição da água sobre um organismo aquático. Mais ainda, a
rã–touro se revela como sentinela das adversidades ambientais, respondendo de
maneira precoce às agressões meio através de mecanismos de defesa sensíveis que
ao mesmo tempo lhe permite resistir às imposições da manutenção e
experimentação animal. Assim, considerando sua favorável contribuição aos
estudos experimentais, de campo e laboratório, estes indivíduos representam uma
espécie anfíbia com grande potencial experimental, devendo ser melhor explorada
em investigações científicas como animal bioindicador das condições ambientais.
Finalmente, os avanços científicos no que diz respeito a um profundo
conhecimento da biologia deste animal, certamente reverterão benefícios
tecnológicos nos procedimentos da ranicultura, prática esta que, com presteza e
qualidade, vem suprindo a demanda científica experimental e acadêmica.
Larson, D.L.; Fivizzani A.J.
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Profa. Dra.
UNESP – Jaboticabal - SP
As principais modificações que ocorreram na ranicultura,
com relação a alimentação, surgiram a partir da década de 80. Atualmente são
utilizadas rações comerciais, formuladas e balanceadas, na sua maioria, a
partir do conhecimento das exigências nutricionais de peixes, uma vez que ainda não se dispõe de
informações suficientes sobre as necessidades nutricionais das rãs.
Para se balancear uma dieta, visando
a determinação das exigências nutricionais de qualquer animal, é necessário que
se conheça a habilidade deste em utilizar os alimentos que farão parte da
dieta, ou seja, a digestibilidade do alimento.
Trabalhando
com girinos de rã-touro, Albinati (1995)
determinou que os valores dos coeficientes de digestibilidade para matéria seca
(CDAMS), energia bruta (CDAEB) e proteína bruta (CDAPB) dos alimentos, avaliados
nas rações para estes animais foram, respectivamente: farelo de soja 87,07;
94,26 e 99,12%; farinha de peixe 70,56; 78,96 e 86,77%; fubá de milho 86,56;
83,18 e 88,26%. O amido mostrou CDAMS de 96,61% e CDAEB de 93,11%. O óleo de
soja apresentou baixa digestibilidade para matéria seca (38,53%) e para energia
bruta (39,30%).
As rações
utilizadas na alimentação de girinos e rãs têm como principal fonte de proteína
de origem animal a farinha de peixe, a qual normalmente tem apresentado baixa
qualidade nutricional, com produção sazonal e alto custo, elevando, portanto o
custo de produção para o ranicultor. Vários estudos têm investigado a
possibilidade do uso de ingredientes alternativos em substituição à farinha de
peixe em dietas de organismos aquáticos, tais como a utilização de silagem de
peixe produzida a partir de resíduos da filetagem e também do descarte de
peixes inteiros.
Com esse
objetivo, Secco (2000) observou
que para girinos de rã-touro, a farinha de peixe nas dietas pode ser
substituída em até 50% por silagem ácida de resíduo de filetagem de tilápia,
bem como por silagem de descartes de peixes inteiros de água doce, não
interferindo no desempenho e composição corporal dos girinos. Stéfani et
al. (2001) avaliando a suplementação com vitamina C e E para girinos,
observaram que a adição de 500mg de vitamina C/kg de ração constituiu uma opção
para melhorar a sobrevivência dos mesmos.
Na fase
pós-metamorfose, a alimentação dos animais torna-se mais difícil, em função do
próprio hábito alimentar da rã, que na natureza prefere alimentos vivos, em
movimento.
Castro (1996) propôs um método de
determinação da digestibilidade dos alimentos para rãs e determinou os valores
de energia metabolizável de alguns alimentos utilizados em rações de rãs (Tabela
1).
Com o objetivo de verificar o
metabolismo dos carboidratos em rãs,
Stéfani (1996) observou que o carboidrato em alta concentração (40 e
45%) foi uma fonte de energia disponível para a rã-touro, com um importante
efeito economizador de proteína para o crescimento dos animais, não promovendo
acúmulo de gordura na carcaça. Concluiu a viabilidade do uso de altos níveis de
carboidratos na dieta das rãs, levando à redução dos níveis de proteína,
reduzindo o custo da ração.
Braga
et al. (1998) aprimoraram a
metodologia para determinação da digestibilidade e avaliou a energia
metabolizável de ingredientes utilizados em rações para rãs (Tabela 1).
|
MSAM(%) |
EMA (Kcal/kg) |
EMV
(Kcal/kg) |
|||
Ingrediente |
A |
B |
A |
B |
A |
B |
Fubá de
milho |
68,05 |
62,97 |
2498 |
2645 |
2552 |
2686 |
Amido de
milho |
- |
60,06 |
- |
2204 |
- |
2246 |
Óleo de soja |
- |
- |
- |
7358 |
- |
7468 |
Farelo de
soja |
75,15 |
- |
2780 |
- |
2857 |
- |
Farelo de
trigo |
71,16 |
- |
2429 |
- |
2510 |
- |
Farelo de
arroz |
58,94 |
- |
1452 |
- |
1536 |
2352 |
Farinha
de peixe |
82,69 |
34,97 |
3217 |
2242 |
3313 |
- |
Farinha
de carne |
60,10 |
- |
1937 |
- |
2278 |
3498 |
Larva de
mosca |
- |
56,99 |
- |
3337 |
- |
|
A - adaptação de Castro
(1996)
B - adaptação de Braga
et al. (1998)
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ESTUDO
CITOGENÉTICO DA RÃ-TOURO (Rana catesbeiana Shaw, 1802)
A ranicultura no Brasil desperta
enorme interesse junto a produtores investidores e grandes empresas, devido a
seu elevado potencial reprodutivo, à eficiência de sua conversão alimentar e ao
bom retorno financeiro com a venda de sua carne e outros subprodutos para os
mercados interno e externo (Lima;
Agostinho, 1989).
Embora a
ranicultura brasileira tenha se desenvolvido rapidamente nos últimos anos
graças, principalmente, ao aperfeiçoamento das instalações e às técnicas de
manejo, ainda não se conseguiu obter resultados na área de melhoramento
genético.
O objetivo
deste trabalho foi analisar citogeneticamente a rã-touro (Rana catesbeiana) sob as
técnicas de coloração convencional (Giemsa), de bandamento C (identificação da
heterocromatina constitutiva) e de NOR (regiões organizadoras de nucléolos). Os
cromossomos foram obtidos diretamente da medula óssea, de acordo com método
descrito por Ford; Hamerton (1956),
sendo posteriormente classificados, segundo Levan
et al. (1964). Foram obtidas
marcações de NOR (Howell; Black,
1980) e de banda C (Sumner,
1972).
Através dos resultados obtidos,
pode-se concluir que o número diplóide é 26, constituído por cromossomos
metacêntricos e submetacêntricos, sendo o número fundamental de braços (NF)
igual a 52. A análise sequencial Giemsa-NOR indicou apenas um par com marcação
na constrição secundária (par 10). Com relação ao bandamento C, foi observada
marcação em apenas um par (par 7). Não foi encontrado heteromorfismo de
cromossomos sexuais entre machos e fêmeas, com as análises de coloração convencional (Giemsa), NOR e banda C.
As técnicas de banda C e NOR,
como tentativas de obtenção de um marcador citogenético para distinguir machos
de fêmeas não foram conclusivas, pois os animais não mostraram diferenças cromossômicas.
Figura indicando metáfase de Rana catesbeiana, macho, sob
bandamento C. As setas indicam marcação C em cromossomos do par 7.
Figura
indicando metáfase de Rana
catesbeiana, fêmea, sob bandamento NOR. As setas indicam o par 10 com a
marcação NOR intersticial no braço longo (q).
Figura de
cariótipo de Rana catesbeiana
(2n=26), fêmea, sob coloração convencional Giemsa, NF=52.
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Os anfíbios, na
escala evolutiva, constituem o elo de ligação entre os peixes e vertebrados
superiores - répteis, aves e mamíferos - sendo o primeiro grupo de animais
vertebrados que deixaram a água e, em sua forma adulta, passaram a viver grande
parte do tempo em terra firme (Bessa, 1981). Estes podem ser considerados como
um dos mais interessantes grupos do reino animal devido a apresentarem, na
maioria das espécies, uma drástica metamorfose ao longo de seu ciclo vital, não
observada em nenhum outro grupo de vertebrados (Feio, 1997).
Apesar do
conhecimento de seus antepassados ser um tanto limitado, o que tem sido
encontrado demonstra que os ancestrais surgiram cerca de 360 milhões de anos,
no Período Devoniano, muito anteriormente, portanto, ao homem (Bessa, 1981; Feio, 1997) e os mais
conhecidos são aqueles denominados ictiossauro
e ictiostega (ABCR, 1985; Vieira, 1990) que originaram as rãs, sapos e pererecas que
conhecemos atualmente.
Não só a rã como a maioria das espécies de anfíbios
apresenta grande variedade de substâncias químicas no muco secretado pela sua pele, sendo
que estas vêm sendo estudadas pela indústria farmacêutica para a fabricação de
antibióticos e outros medicamentos, constituindo-se num novo campo de estudo da
farmacologia (Clark et al., 1994; Mor et al., 1994; Feio, 1997).
As rãs
também são empregadas com outros fins científicos, principalmente em
experimentos sobre reações do sistema nervoso e testes com produtos
cardiotônicos (Carvalho, 1986; Fabichak, 1986; Vieira, 1990) e seus ovos são,
talvez, os melhores para os estudos embriológicos (Vieira, 1990). Ainda, os
anfíbios constituem-se num eficiente indicador de qualidade ambiental (Feio,
1997).
O termo inflamação surgiu a partir do latim inflamare (= queimar), possuindo uma
história rica e antiga, ligada intimamente à história das guerras, das feridas e
infecções. Cornelius Celsus, (século I d.C.) descreveu quatro sinais – dor,
rubor, calor e tumor – que ficaram classicamente conhecidos como os sinais
cardeais da inflamação, aos quais, séculos mais tarde, Rudolph Virchow
acrescentou um quinto sinal - perda da função (functio læsae) (Montenegro;
Franco, 1999). O processo inflamatório foi considerado durante muito
tempo como uma mazela, até que, em 1793, John Hunter, um cirurgião escocês,
afirmou que a inflamação não era uma doença, mas uma “resposta não específica,
com efeito salutar para o hospedeiro” (Robbins
et al., 1999).
O estudo da Patologia Comparada da
Inflamação foi iniciado pelo zoólogo russo Elie Metchnikoff há aproximadamente
120 anos (Metchnikoff, 1968).
Este pesquisador, verificou que o processo inflamatório é mais simples quanto
mais inferiormente estiver localizado o animal na escala filogenética, notando,
por exemplo, que as funções de digestão e defesa permaneceram unidas desde os
protozoários até os platelmintos e a partir daí separaram-se, quando os animais
passaram a apresentar tubo digestivo completo e células específicas foram
selecionadas para atuar na proteção contra agentes injuriantes.
Visando o
estudo de patologia comparada da inflamação, na dissertação de mestrado
intitulada “Avaliação do processo inflamatório induzido experimentalmente pela
inoculação de Aeromonas hydrophila e Mycobacterium marinum em girinos de
rã-touro gigante (Rana catesbeiana
Shaw, 1802)” desenvolvida na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo, foi induzida resposta inflamatória através da
inoculação de dois microrganismos, sendo um predominantemente extracelular - Aeromonas hydrophila e outro
predominantemente intracelular - Mycobacterium
marinum, em girinos de rã-touro gigante. Esse experimento objetivou a
compreensão da cinética inflamatória induzida por esses dois agentes, bem como
a caracterização dos tipos celulares participantes do processo. As bactérias
foram inoculadas na musculatura da cauda realizando-se cortes histológicos das
lesões nos tempos referente a 3, 7, 14, 21 e 30 dias pós-inoculação. Os
fragmentos de cauda foram preparados pela técnica da hematoxilina-eosina para
análise sob microscopia de luz. Para caracterizar a fibroplasia os cortes foram
corados pelo Picrossírius-red e para a visualização das micobactérias
desenvolveu-se a coloração de Ziehl-Nielsen. Ainda, foram realizadas técnicas
imuno-histoquímicas com a utilização de anticorpos primários anti-BCG,
antilisozima, antimacrófagos de coelho (RAM 11) e anti–S 100. Os resultados
obtidos demonstraram que a Aeromonas
hydrophila provoca reação inflamatória aguda com predomínio de infiltrado
inicialmente composto por neutrófilos, sendo gradativamente substituído por
células mononucleares enquanto que o Mycobacterium
marinum provoca reação inflamatória que se cronifica com o desenvolvimento
de granuloma. As células do foco inflamatório apresentaram marcação para
anticorpos anti-S 100 e antilisozima em ambos os tratamentos. As lesões
induzidas pelo Mycobacterium sp
apresentaram positividade para anticorpos anti-BCG em todos os tempos
experimentais. Para os anticorpos antimacrófagos não houve marcação em ambos os
tratamentos. Finalmente, foi proposta a cinética inflamatória induzida por
estes dois microrganismos, bem como os mecanismos imuno-patológicos observados
nas lesões provocadas por Aeromonas
hydrophila e Mycobacterium marinum
em musculatura da cauda de girinos de rã-touro gigante (Maiorino, 1999).
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Zootecnista MSc – Profa
da FAMATh - RJ
O sistema inundado de criação de rãs
é originário dos países asiáticos. Na década de 90 o Dr. Mazzoni e equipe,
iniciaram os primeiros ensaios no ranário piloto do INAPE, e depois
transferiram a tecnologia para ranários comerciais na Argentina. Após o
acompanhamento no campo, foi evidenciado pela equipe, que uma das maiores
vantagens do sistema, consistia na eliminação do uso da larva de mosca, que
é fornecida para as rãs em pequena quantidade, junto com a ração, na maioria
dos ranários comerciais. No sistema inundado, as rãs são alimentadas com
péletes extrusados que flutuam na água, a eliminação da larva reduziu o custo
com mão de obra e instalações.
Em 1997 no II TECHNOFROG e IX ENAR,
foram apresentados dados levantados nos ranários comerciais, tanto pelo Dr.
Mazzoni, como por ranicultores da Argentina e Uruguai, como: Na fase inicial
pode-se usar densidades de até 400 rãs/m2; conversão alimentar de
1,5 a 2,0:1; o peso de 200g pode ser alcançado em 100 dias de engorda, entre
outros.
Ainda durante o II TECHNOFROG em
Santos, o Dr, Alejandro Navas do Centro de Investigacion e Estudos Avançado de
IPN – Unidade Merida – México, descreveu a evolução da Ranicultura na Ásia,
informando que o sistema inundado foi lá implantado na década de 80, e que tem
com característica principal, a necessidade da troca continua de água, exigindo
um maior gasto de água, quando comparado aos outros sistemas, e também que a
ração utilizada possui alto percentual de proteína e que os péletes extrusados,
devem possuir boa flutuabilidade e diversos tamanhos.
A equipe do Laboratório
de Ranicultura da FAMATH – Faculdade Maria Thereza - RJ acompanhou em 1998, o
desempenho da Rana catesbeiana (rã-touro gigante) na
engorda, em sistema inundado de criação, em baias de polietileno montadas no
laboratório, seguindo o modelo proposto por Mazzoni
(1997), utilizado em ranários comerciais da Argentina. O ensaio foi
realizado com o apoio da SANSUY que confeccionou as baias de vinimanta e da
Guabi. O acompanhamento deste trabalho evidenciou diversos problemas
relacionados com a higienização das baias e flutuabilidade dos péletes das
rações comerciais, principalmente na fase inicial (alevinos de peixe). Através
de discussões técnicas com ranicultores fluminenses, quanto aos problemas
sanitários ocorridos durante o período experimental, que evidenciaram a
necessidade de uma renovação constante da água no sistema, concluiu-se que
seria necessário uma melhora no sistema de drenagem da água das baias. Baseado
nestas informações, o ranicultor e biólogo Walmir Telles de Lima apresentou um
modelo de baia com fundo de tela para facilitar a drenagem dos resíduos. O novo
modelo foi então confeccionado pelos técnicos da SANSUY S.A., é utilizado para a realização do segundo ensaio, desta
vez realizado no campo, nas instalações do ranário Sete Nascentes em Xerém- RJ.
O ensaio experimental foi conduzido
pelos pesquisadores Silvia Mello e Rita Veiga, juntamente com a equipe de
estagiários do Laboratório Experimental da FAMATh em Niterói.
Foram
avaliados dois lotes de rãs, o primeiro lote foi estocado na baia 1, o peso médio inicial foi de 20,437g e o peso
médio final 137,57g, o segundo lote foi estocado na baia 2, o peso médio inicial foi de 34,097g e o peso
médio final 180,487g. O período experimental durou 156 dias.
A densidade
inicial baseou-se na Tabela 1, proposta por Mazzoni (1995).
Tamanho |
Rãs/m2 |
Imagos |
400 |
20-50g |
300 |
50-100g |
150 |
> 200g |
100 |
Como cada baia possuía 0,66m2, na
baia 1 foram estocadas 223 rãs (337/m2) e na baia 2 foram estocadas 166 rãs
(251/m2). As rãs foram mantidas em lâmina d’água entre 2 e 5 cm, de forma que
apenas cabeça, ficava fora da água. A rotina diária consistia na limpeza e
troca total da água, 2 vezes ao dia às 9:00 e às 16:00. A alimentação consistia
em ração extrusada para peixes carnívoros com 40% PB, que era fornecida 4 vezes
ao dia às 9:30, 12:00, 14:00 e 17:00, a quantidade fornecida baseou-se na
recomendação de Mazzoni
(1995): 3 a 5 % do peso vivo/dia,
quando a temperatura supera os 220 C. Durante cada período de
alimentação, a água ficava circulando aproximadamente por uma hora e 30
minutos.
Quinzenalmente era realizada a biometria, que
consistia na pesagem individual dos animais, na medição padrão da ponta do
focinho até cloaca e também na medição somente das pernas. Durante todo o
período experimental, foi acompanhada a temperatura da água que variou de 21 a
30º C e o pH que variou de 7,1 a 8,2.
Nos
primeiros 45 dias, ocorreram sérios problemas patológicos, acarretando um
aumento considerável na taxa de mortalidade. Os sintomas apresentados pelas rãs
contaminadas foram sempre os mesmos, edema e lesões nas coxas, lesões nas patas
que levaram a exposição da musculatura e até dos ossos nessa região, lesões
características circulares na região peitoral próximo ao esterno e na
extremidade do maxilar inferior, que se iniciavam com uma pequena mancha escura
circular na pele. Esse problema coincidiu com o período de temperatura mais
alta.
As causas
da enfermidade, não foram precisamente diagnosticadas, acreditamos que a
contaminação da água com restos de
ração e fezes, em contato constante com as rãs
pode ter desencadeado o problema, assim como, o estresse que os animais
possam ter sofrido durante a adaptação ao novo sistema, mantendo-se
constantemente dentro da água.
Foram realizados exames bacteriológicos, do
material colhido nas partes lesionadas das rãs, sendo constatada a presença das
bactérias Pseudomonas aeroginosa,
Klebsiella sp., Staphylococcus aureus
e do fungo Candida sp.
As rãs foram submetidas a um tratamento com antibiótico e também foi
alterado o manejo, a água passou a circular constantemente, essa prática só não
foi mantida durante a noite.
Os ganhos de peso por período seguem no
gráfico 1, sendo que o ganho de peso médio para o lote 1 foi de 117,133g e para
o lote 2 foi de 146,14g.
Gráfico 1
A conversão alimentar estimada foi de
2,28:1 para a Baia 1 e 2,46:1 para a Baia 2
Devido a doença que acometeu as rãs
nos primeiros 45 dias do ensaio, a mortalidade foi alta, se estabilizando em
níveis satisfatórios, após o controle da doença (tabela 2 e tabela 3).
Nº de Dias |
Peso Médio das Rãs (g) |
% de Sobrevivência |
43 dias |
46,721 |
49,77 |
156 dias |
137,568 |
38,11 |
Nº de Dias |
Peso Médio das Rãs (g) |
% de Sobrevivência |
43 dias |
75,082 |
51,80 |
156 dias |
180,487 |
44,57 |
Ensaio 2 - Realizado
no campo
Para
o estudo foi confeccionada e doada pela empresa SANSUY uma baia em Vinimanta
medindo 6m2 (2x3), cujo piso foi feito com tela Sannet. A parte mais
funda da baia ficava a aproximadamente 20 cm distante da tela, tendo sido
acoplado nesta parte, o sistema para drenagem da água. A drenagem foi feita
descendo um cano que ficava na parte externa da baia, e o mesmo cano serviu
também para manter o nível da água.
O sistema de
abastecimento da água foi feito através de um cano de pvc ¾ furado a cada 5 cm.
Seu posicionamento na diagonal sobre a baia, possibilitou a movimentação da água
e a conseqüente movimentação da ração durante o arraçoamento.
A
baia foi montada ao ar livre, sendo utilizada uma cobertura com tela sombrite,
para que se evitasse a incidência direta do sol. Foi também colocada
diretamente sobre a baia uma rede de pesca confeccionada em malha de 18 mm de
forma a impedir a fuga de rãs e a entrada de predadores.
O estudo foi conduzido durante os meses de março, abril,
maio e junho de 1999, pelas pesquisadoras e equipe de estagiários do
Laboratório de Ranicultura da FAMATh e recebeu ainda apoio da ARERJ e da Nutron
Alimentos. A ração utilizada no estudo foi a de peixes carnívoros, doada
pela Nutron Alimentos, possuindo 42% de proteína e péletes de 8 mm e 15 mm.
Quinzenalmente
foram realizadas biometrias (pesagem dos animais), anotando-se as perdas por
descarte e mortalidade. O ganho de peso e a conversão alimentar (ração
oferecida x ganho de peso) foram avaliados a cada período de 15 dias,
ajustando-se a quantidade de ração a ser fornecida de acordo com a biomassa da
baia. A temperatura da água foi anotada diariamente, durante os quatro meses,
tendo variado de 180 C a 300 C. (Quadro 1).
Nos
dias em que foram realizadas as biometrias, alguns animais foram descartados,
retirando-se aqueles que apresentavam lesões, peso muito abaixo ou muito acima
da média.
Quadro 1 : Temperaturas mensais
da água (máximas e mínimas)
Meses |
T0 máxima |
T0 mínima |
março |
300 C |
260 C |
abril |
270 C |
240 C |
maio |
250 C |
180 C |
junho |
240 C |
190 C |
Para a limpeza da baia
foi usada escovação a cada quinze dias (coincidindo com a retirada dos animais para
biometria), para que fosse retirando o limo da parte interna e fuligem na parte
externa.
A água foi trocada duas
vezes ao dia, uma vez pela manhã e outra a tarde. O nível da água foi ajustado
de acordo com o crescimento dos animais (ficando sempre apenas a cabeça para
fora da água). A circulação da água foi
feita durante o arraçoamento (por uma hora após a colocação da ração na água).
A quantidade de ração
utilizada variou entre 3 a 5% do peso vivo/dia e nos primeiros 43 dias foi
oferecida em 3 porções: às 7:30, 11:30 e 16:00. Após este período inicial, a
ração passou a ser oferecida em 4 porções: às 7:30, 10:30, 14:30 e 16:00.
Quadro 2-Ganho
de peso, Conversão Alimentar (ração fornecida x ganho de peso) e densidade de
estocagem por período
Período |
Peso médio inicial |
Peso médio final |
Densidade |
Ganho de
peso médio |
Conversão alimentar |
10-3-99 a 25-3-99 |
24,75
g |
44,83g |
226
rãs/m2 |
20,08g |
1,05:
1 |
25-3-99
a 06-4-99 |
44,83
g |
59,04g |
174
rãs/m2 |
14,20g |
1,99:
1 |
06-4-99
a 22-4-99 |
61,12
g |
108,45
g |
144
rãs/m2 |
47,33
g |
1:
1 |
22-4-99
a 06-5-99 |
108,45
g |
129,97
g |
124
rãs/m2 |
21,52
g |
2,32:
1 |
06-5-99
a 20-5-99 |
120,97 g |
163,90 |
117rãs/ m2 |
55,45g |
1,12: 1 |
20-5-99 a 02-6-99 |
163,90 g |
164,50 g |
116 rãs/m2 |
0,60 g |
* |
85 dias acompanhamento |
24,75 g |
164,50 g |
116 rãs/m2 |
159,20 g |
1,5: 1 |
* Durante este período a temperatura da água
abaixou muito, chegando a 180C e os animais pararam de se alimentar.
Foram
estocadas inicialmente 226 rãs/m2, perfazendo um total de 1.356 rãs
na baia. Após 85 dias, computando-se as perdas por descarte e mortalidade, a
densidade de estocagem chegou a 116 rãs/ m2, tendo-se um total de
696 rãs (51,32% do lote inicial).
N0 inicial de rãs |
Descarte |
Mortalidade |
N0 final de rãs |
1.356 |
153 rãs - 11,3% |
507 rãs - 37,4% |
696 |
Após o encerramento do
período de acompanhamento, as rãs foram alimentadas por mais 20 dias, até serem
abatidas no abatedouro da COOPERRAN localizado em Itaboraí - RJ, sob Inspeção Federal
tendo o lote abatido alcançado o peso médio de 189 g em 105 dias.
Quadro 4: Índices obtidos no abate das rãs
Data |
N0 de rãs |
Descarte de rãs |
Peso vivo médio |
Carcaças entre 70 e 80g (abaixo do padrão) |
Carne de rã obtida (Kg) |
Rend. de carcaça |
24-6-99 |
647 |
18 (2,78%) |
189 g |
96 (15,3%) |
66,9 kg |
56,3% |
-
Os
resultados alcançados no laboratório, em relação ao ganho de peso e conversão
alimentar, foram semelhantes aos encontrados nos ranários comerciais da região
sudeste. Os resultados alcançados no segundo ensaio foram melhores,
evidenciando a importância da manutenção da boa qualidade da água.
-
A alta densidade, principalmente na fase inicial, pode
ter levado as rãs a se machucarem mais facilmente, aumentando o índice de
mortalidade. Foi observado que muitas vezes as rãs ao tentarem abocanhar o
alimento na superfície, devido à proximidade de outras rãs, abocanhavam a perna
uma das outras. O fato de não ter havido seleção das rãs por tamanho, durante o
período experimental, pode ter facilitado, as rãs maiores, tentar abocanhar a
perna das menores propiciando o aparecimento de lesões, e abrindo as portas
para o ataque das bactérias oportunistas presentes na água.
-
O
canibalismo propriamente dito, foi praticamente inexistente, não houve
desaparecimento de rãs.
-
A
utilização de tela no piso da baia diminuiu a necessidade de renovação da água
e consequentemente ocorreu no segundo ensaio, uma redução do volume de água
gasto diariamente.
-
No
ensaio de campo, nos dias em que a temperatura da água alcançou os 18º C, no
final do mês de maio, as rãs pararam de se alimentar, o que evidenciou que
águas com temperaturas muito baixas inviabilizam o uso do sistema, sugerindo a
utilização de um sistema de aquecimento da água, obviamente, deve-se levar em
consideração um estudo de viabilidade econômica para a utilização do
aquecimento.
-
A boa
flutuabilidade e estabilidade da ração na água e um balanceamento que atenda as
exigências nutricionais das rãs, assim como, diferentes tamanhos de péletes que
acompanhem o crescimento do animal, também são fatores importantes para o
sucesso do sistema.
-
Sugere-se
que a primeira fase da recria (até aproximadamente 40 g), seja feita em sistema
semi-seco, até que melhores práticas de manejo
sejam estudadas para esta fase e que rações de péletes menores, com boa
flutuabilidade e alta teor de proteína, estejam disponíveis no mercado.
-
No
sistema inundado o arraçoamento e menos trabalhoso, proporcionando economia de
mão de obra. Foi observado que a utilização de alimentadores automáticos,
poderá ser facilmente adaptada ao sistema.
Mazzoni, R. Sistema inundado de Cria de
Ranas. In: Encontro Nacional de
Ranicultura, 9: International Meeting on Frog Research and Technology, 2,
1997, Santos. Anais...Santos, SP:
ABETRA – Academia Brasileira de Estudos Técnicos em Ranicultura, 1997, p
151-160.
Mello,S.C.R.P. Sistema Inundado de Criação de Rãs. Revista Panorama da Aqüicultura, 8 (49):
25-8, 1998.
Mello, S.C.R.P.
Rãs em baias inundadas. Revista
Panorama da Aqüicultura, l.10 (59): 31-4, 2000.
Nava, A F. Overview of
modern world frog farming. In: Encontro
Nacional de Ranicultura, 9: International Meeting on Frog Research and
Technology, 2, 1997, Santos. Anais...Santos, SP: ABETRA – Academia
Brasileira de Estudos Técnicos em Ranicultura, 1997, p 109- 116.
PALESTRA 3: A PELE ANIMAL
E OS COMPORTAMENTOS MERCADOLÓGICOS PARA O NOVO MILÊNIO
Dra. Maria de Lurdes
M. Velly
Cood. de Pesq. e
Desenvolvimento de Produtos - OISCA - Brasil
O
Brasil apesar de possuir condições geográficas e climáticas favoráveis à
criação de animais produtores de carne, não consegue produzir couro com
classificação - primeira.
A
exploração lucrativa, de qualquer matéria prima exige que se tenha um controle
qualitativo e quantitativo do material. O que não acontece com o couro
brasileiro. Sem esse controle a atividade comercial se torna amadora e
primitiva.
A área
coureira tem enfrentado muitas dificuldades no que diz respeito a abastecimento
de couro. Esta matéria prima, considerada subproduto do abate, está, de um modo
geral, na mão dos atravessadores, que inflacionam o mercado. A falta de
conhecimento dos criadores sobre o que é couro, sua potencialidade, de modo
geral, é a causa de defeitos na pele. A falta de cuidado com o animal durante a
vida e com a pele "post mortem"
são os principais fatores de baixa qualidade da matéria prima. O veterinário
quando ministra enxofre para um animal no campo, muitas vezes, não imagina qual
a interferência desse produto na qualidade da pele do animal.
Um criador quando põe fora a pele da
rã, não sabe que a queratina dessa espécie é um material valioso que custa U$
110,00/Kg e que o Brasil importa.
A queratina em lâmina, que serve
como tecido regenerativo de proteção para pessoas queimadas o material similar
importado custa R$ 5.000,00. Ainda sobra a derme curtida (pele de rã curtida)
para usar em peças de vestuário feminino. O criador ganha R$ 8,00 com a carne e
põe fora a pele.
Vamos ver algumas
informações técnicas sobre couro:
O tegumento externo, resistente e
elástico que recobre o corpo dos animais pode ser utilizado para abrigar nosso
corpo como couro ou para servir de alimento como fonte de proteína.
-
Composição
da estrutura química da pele animal
-
Proteína
fibrosa: queratina e colágeno
-
Camadas
de pele que interessam ao curtidor
-
Diferença
entre uma pele e um couro
-
Diferença
entre uma pele nobre e uma pele de qualidade reduzida
-
O que
é curtir um couro
-
Como
se processa a conservação do couro
-
Métodos
de conservação
Embora seja um material de múltipla
aplicação, ainda não é produzido e explorado adequadamente. Para reduzir essas
perdas é muito importante também conhecer os comportamentos mercadológicos
previstos para este novo milênio, onde as fontes de materiais protéicos ocupam
lugar de destaque.
Nas últimas décadas do século 20, como se tivéssemos
entrado numa máquina do tempo do jeito de Spilberg, as gerações presentes
tiveram o privilégio de ver rodar de forma vertiginosa, várias páginas da
história. Os acontecimentos foram tais, que ser um simples espectador é muito
pouco. Desta forma, a Força Social sai da mão do governo e do mercado e passa a
ser exercida pelo povo, ele é o Terceiro Setor. Porém é importante conhecer as
regras do jogo para poder agir com sucesso em qualquer atividade. E os valores
hoje se alteram de uma forma tão rápida que precisamos estar bem informados
para poder acompanhar e não ficar de fora dessa evolução vertiginosa da
informação.
A recente decisão do governo Suíço de colocar a venda
metade de suas reservas de ouro, após um referendum da população, poderá
significar um duro golpe para o metal.
A Suíça detém atualmente 2.600 toneladas de ouro, é o
terceiro mais importante reserva, depois da América e Europa. Mas não ficou
somente nisto. O Banco Central Australiano, Belga e Holandês tem realizado
vendas de ouro sistemáticas. Segundo a Gold Fields Mineral Service, 412
toneladas foram vendidas no ano passado, quantidade que equivale a um sexto da
produção da Nova Minas.
Ao buscar novos comportamentos mercadológicos
precisamos ter certeza do tipo de sociedade que será formada após a evolução da
informação. Quais serão os novos valores? Quem poderá ocupar o lugar do ouro?
Para tanto devemos ouvir as previsões do maior pensador contemporâneo do mundo
dos negócios porque ele desvenda a nova economia.
Segundo Peter Drucker os
objetivos da empresas dos anos 60 até os anos 90 sofreram muitas alterações.
-
Na
década de 60 o objetivo de uma empresa era produzir; era vender o que se
produzia a quem quisesse comprar.
-
Na
década de 70 o objetivo era Vender; escoar a produção de qualquer maneira.
-
Na
década de 80 o objetivo da produção e da venda mudou, o importante era analisar
as tendências de mercado e do cliente. A competição estava aumentando cada vez
mais.
-
Na
década de 90, a tendência foi eleger mercados e clientes.
-
E
olhar menos para as nossas necessidades e mais para as necessidades dos
mercados e clientes.
-
Neste
novo milênio só poderá ter sucesso aquela empresa que conseguir a fidelidade e
preferência do mercado e do cliente, conseguidas através da seriedade e do grau
de confiança adquirido. Onde a honestidade, humildade e a criatividade exercem
papel importante.
Peter Drucker ao desvendar a
nova economia, afirma sucesso para a biotecnologia a criação de peixes. Todas
as demais atividades produtivas ainda são uma incógnita. E assegura isto porque
o impacto verdadeiramente revolucionário da Revolução da Informação está apenas
começando a ser sentido. Vivemos hoje uma revolução tão drástica quanto foi a
Revolução Industrial do final do século 18 e início do século 19. Mas toda
revolução tem um agente que atua diretamente no povo. Este agente é denominado
gatilho. Na revolução industrial o gatilho foi às ferrovias. Pela primeira vez
na história, as pessoas têm uma mobilidade real. O horizonte da pessoa comum se
ampliou.
Na
Revolução da Informação que estamos vivendo hoje tem como gatilho o Comércio
eletrônico. Qualquer pessoa tem a força de derrubar uma grande indústria como
foi o caso de um modesto servidor de um restaurante que foi responsável pela
quebra de uma fábrica de louças americano há 60 anos dominando o mercado. O
comércio eletrônico viabilizou esta ação. Este fato caracteriza a força do
Terceiro. O homem do século 21 já sabe, que a Terra não é o centro do Universo,
que ele é apenas mais um entre os animais e ainda, que não passa de um conjunto
de peças que a medicina pode controlar, montar ou desmontar.
Apesar
da realidade social vigente, a força e o poder de execução está na nossa mão. A
integração neste contexto é um fator importante. Mas para participar de
sistemas integrados de produção é necessários conhecimento, criatividade e uma
boa dose de humildade.
PALESTRA 4: ANÁLISE DOS PROBLEMAS DA CADEIA PRODUTIVA DA RANICULTURA E
PROPOSTAS DE SOLUÇÕES
Samuel Lopes Lima
Prof. Dr.
da Univ. Fed. De Viçosa – MG[3]
Introdução
Foi com prazer que aceitamos o
convite da comissão organizadora, de participar do Iº Ciclo de Palestras do
Instituto de Pesca do Estado de São Paulo. O Instituto de Pesca pode ser
considerada como a “instituição patrona” da ranicultura Brasileira por vários
motivos: Primeiro, por ser uma das pioneiras na introdução da criação de rãs no
Brasil, junto com a Secretaria da Agricultura do Estado do Rio de Janeiro, na
década de trinta. Segundo, pelas valiosas contribuições, tanto técnicas como
científicas, propiciadas pela sua equipe de pesquisadores, através de inúmeras
publicações. Finalmente pelo apoio oferecido aos ranicultores, seja ao sediar a
Associação Brasileira dos Criadores de Rãs durante quase duas décadas, seja ao
fomentar a atividade através da assistência técnica, cursos, encontros e outros
eventos, a exemplo deste ciclo de palestras.
Considerando que a nossa atuação
profissional sempre foi voltada às questões inerentes ao desenvolvimento da
tecnologia da criação, a escolha do tema proposto para a presente palestra
merece ser justificada. Permitam, portanto, apresentar um breve relato da nossa
experiência pessoal com a ranicultura, particularmente sobre as razões do
porque hoje nos dedicamos também a este tema.
O interesse
pela criação de rãs começou durante a realização do nosso trabalho de tese de
mestrado estudando a dinâmica populacional de uma espécie nativa, a rã-manteiga
(Leptodactylus ocellatus) e
posteriormente com a rã-pimenta (L.
labyrinthicus). A preocupação em dominar a tecnologia de criação de rãs
para viabilizar o cultivo destas espécies, para fins ecológicos, foi a
nossa motivação para os primeiros
contatos com os ranicultores, no início da década de 80. Gradativamente começamos
a ser estimulados por alguns produtores, para estudar também a rã-touro. Foi
então que, em 1984 publicamos (eu e o colega Cláudio Ângelo Agostinho), a
primeira proposta de se alimentar rãs com ração (mesclada com larva de mosca
criadas em moscários). A partir daí, várias publicações ajudaram a transferir
aos ranicultores, pelo menos parte das pesquisas em andamento no Ranário
Experimental da UFV. A partir de 1988 trabalhos realizados em nível de
laboratório e em ranários comerciais possibilitaram, pouco a pouco, o
desenvolvimento do Sistema Anfigranja, hoje de domínio público, apesar de ainda
estar em franco desenvolvimento tecnológico.
Tudo parecia muito bem, até que, em 1995, com a
realização do Technofrog’95 (International Meeting on Frog Research and
Technology), surgiram informações sobre o mercado externo, que evidenciaram
algumas dúvidas quanto a real potencialidade do mercado. Paralelamente, com o
advento da nova moeda nacional (o real), começou a haver dificuldades de se
exportar rãs. A nossa moeda estava sobrevalorizada frente ao dólar (US$ 1,00 =
R$ 1,00), e em conseqüência, o preço elevado passou a inibir as exportações. O
mercado interno não conseguiu absorver toda a oferta, pois os canais de
comercialização não estavam preparados para tal. Vários ranários encerraram as
atividades. Os abatedouros, principalmente de cooperativas de ranicultores, se
arrastam até hoje em dívidas.
Diante do
impasse, algo precisava ser feito. Foi então que elaboramos (eu e os colegas
Onofre Maurício de Moura e Tancredo Almada Cruz), um projeto denominado
“Problemas da Produção, Abate e Comercialização dos Produtos da Ranicultura.”,
que recebeu aprovação do CNPq, através da linha de financiamento modalidade “Plataformas” do Programa de Apoio ao
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT), realizado do período de
novembro de 1998 a maio de 1999. Os resultados deste trabalho foram descritos
no livro Ranicultura: Análise da Cadeia Produtiva [4]
O citado
projeto foi realizado em três etapas: A primeira consistiu no levantamento dos
problemas e na elaboração do relatório. Em seguida o relatório foi apreciado
por seis consultores especiais, que apresentaram seus pareceres em um Workshop,
em março de 1999 (em Viçosa), para representantes das entidades que operam com
ranicultura (associações e cooperativas de ranicultores; indústrias de abate e
processamento, distribuidores, etc). As recomendações apresentadas pelos
consultores, para o encaminhamento das soluções dos problemas identificados,
foram discutidas pelos participantes (em grupos de trabalho) e depois aprovadas
(em plenária). A terceira etapa consistiu de reuniões especiais dos
representantes dos grupos de trabalho e dos três coordenadores do projeto, para
ordenar e formalizar a proposta final. Foi assim composto um conjunto de ações
estratégicas que deveriam ser implementadas, sob a denominação de PRODERan –
Programa de Desenvolvimento Tecnológico da Ranicultura (sintetizado adiante).
O conteúdo de todo o trabalho de
levantamento dos problemas da produção, do abate/processamento e da
comercialização dos produtos da ranicultura, pode ser assim sintetizado (Lima; Cruz; Moura, 19992).
Para o levantamento dos problemas da
produção, a amostra foi constituída de 71 ranários brasileiros, enfocando: a
caracterização dos ranicultores e seu empreendimento; as características
físicas e zootécnicas dos ranários; os investimentos e despesas operacionais; o
comportamento do ranicultor na comercialização dos seus produtos; a opinião do
ranicultor sobre a atividade. A produção no exterior foi enfocada, sintetizando
a situação dos ranários dos países latino-americanos (Argentina, Uruguai,
Equador, Cuba e México), e dos países asiáticos (Indonésia, China, Tailândia, e
Taiwan).
Foi elaborado um perfil da maioria
das indústrias de abate e processamento, em operação na época (localização;
empreendimento, projeto físico, projeto operacional, registro no serviço de
inspeção; concretização do projeto; quadro de pessoal, capacidade de produção,
fornecedores e mercado), e levantada às questões referentes a segurança
alimentar (manutenção de equipamentos e prevenção de acidentes; gestão
administrativa; aspectos organizacionais) e informações complementares.
Sobre a comercialização, foram
enfocadas as questões do mercado interno (o produto, preço e outros aspectos da
comercialização), do mercado externo (produto, preço e dados sobre o comercio
internacional), o consumidor (atributos sócio-econômico, consumo de carnes e da
carne de rã), a percepção e atitudes dos consumidores efetivo e potencial
(características do produto real, características de status,
sentimentos/simpatia para com o produto, imagem social, atributos do preço),
componentes do mix (embalagem, distribuição e preço) e o estágio de adoção da
carne de rãs.
Resumidamente, constatou-se que:
a) Existe uma
demanda reprimida no mercado interno. Tanto o consumidor efetivo, como o
potencial, considera o produto “caro”. O varejista pratica preço elevado,
porque a oferta é irregular e considera o produto de baixo giro na prateleira.
O ranicultor argumenta que sua margem é pequena, porque o preço da ração
(principal insumo) é elevado. A indústria de rações pratica preço
comparativamente elevado, porque a demanda de ração para rãs é pequena frente a
outros produtos que fabrica.
b) Existe interesse por parte de algumas
indústrias de alimentos em beneficiar produtos da ranicultura, como por
exemplo, a carne desfiada (ou mecanicamente separada) para a elaboração de
patês, ou mesmo, da carne desossada, em conservas e/ou pré-elaboradas. Para
investir nesses produtos, a indústria necessita de um volume de matéria prima
muito superior ao disponível no mercado. Os abatedouros de rãs, em curto prazo,
não têm condições de atender à demanda da indústria, pois o volume que
processa, atualmente, ainda não atende adequadamente ao mercado consumidor de
carne congelada e fresca, seu produto tradicional. Há, portanto a necessidade
de um aumento significativo da produção.
c) Se, por um lado,
há a necessidade de se ampliar a produção nacional, por outro, existe
capacidade ociosa nas unidades de criação e nas de abate. Em alguns ranários, o
motivo é a dificuldade que o ranicultor encontra, na comercialização de seu
produto, geralmente feita, porta a porta. Por outro lado, os abatedouros
especializados também encontram dificuldades em escoar sua produção, pela
concorrência desleal dos produtores que fazem o abate, clandestinamente, na
propriedade. Em conseqüência, falta produto nas prateleiras, e quando é
encontrado, o preço não é atrativo para o consumidor;
d) Existe interesse
de empresas distribuidoras de carne fresca, congelada, e processada, em atender
à demanda do mercado externo. Somente um importador europeu compraria toda a
produção brasileira, desde que houvesse preço competitivo e regularidade de
oferta. O preço competitivo, nas condições atuais, requer um esforço adicional.
O custo de produção de rãs de cativeiro é superior ao produto oferecido no
mercado internacional, que é fruto do extrativismo (caça de rãs) praticado por
países orientais. Os importadores são conscientes de que o produto brasileiro é
de qualidade superior e estão dispostos a investir em marketing para divulgar
um produto diferenciado (de cativeiro), desde que haja regularidade no
fornecimento e na qualidade higiênico-sanitária, itens que o Brasil tem
condições de atender, se organizar a produção. O outro item solicitado, a
oferta regular, somente poderá ser atendida com aumento da produção.
Conclui-se que a ranicultura
brasileira encontra-se num “estado de tensão”, necessitando quebrar o “ciclo
vicioso” citado acima, que se inicia na criação de rãs e se estende até a comercialização.
A raiz do problema se encontra no pequeno volume/elevado custo de produção,
provocado por: baixa produtividade da maioria dos ranários; deficiências na
transferência da tecnologia; baixa capacidade de abate na indústria; ausência
de produtos alternativos de valor agregado e finalmente, a desarticulação de
toda a cadeia produtiva.
Em conseqüência, falta produto nas
prateleiras, elevando o preço da carne de rã, fato que inibe o consumo, por sua
vez, a retração do mercado também inibe a produção, criando desta forma o ciclo
vicioso, onde a falta de produto inibe o mercado e a falta de mercado inibe a
produção.
Os problemas identificados
demonstram que falta planejamento e articulação, entre os agentes da cadeia
produtiva. Somadas a isto, as questões tecnológicas precisam ser equacionadas e
estruturadas, para romper o ciclo vicioso mencionado e possibilitar o aumento
da produção nacional através de ganhos de produtividade.
O PRODERan se propõe a contribuir
para romper este ciclo vicioso, de forma integrada e simultânea, procurando
enfrentar problemas específicos nos diversos segmentos da cadeia produtiva. O
programa prevê a realização de projetos cooperativos entre as entidades
parceiras, para a realização de projetos distribuídos em seis núcleos de
parceria: I- Produtores de Insumos, Implementos e Equipamentos; II- Sistemas de
Integração na Ranicultura; III- Distribuição e Comercialização; IV- Novos
Produtos/Processos; V- Capacitação e Formação de Recursos Humanos e; VI Difusão
de Informações.
Até o momento, trinta e cinco
entidades aderiram a proposta do PRODERan (sete indústrias de
abate/processamentos; seis Indústria produtoras de insumos, implementos e
equipamentos; quatro empresas de distribuição e comercialização; quatro
empresas integradoras; quatro associações e cooperativas de ranicultores, e dez
instituições de ensino e pesquisa). A lista dos acordos dos respectivos
núcleos, os objetivos e operacionalização dos acordos podem ser obtidos a
comissão coordenadora do programa.
Infelizmente a falta de recursos
para implementar os projetos estabelecidos no programa torna distante o
encaminhamento das soluções. Desarticulados e desanimados, os ranicultores
continuam a espera de um milagre, que só virá, se houver mais informação e
principalmente, uma liderança sadia entre eles, para promover as articulações
necessárias previstas no citado programa.
Nós coordenadores3 do
programa e com certeza, a maioria dos colegas pesquisadores, estamos aguardando
o aparecimento deste líder. Esperamos, portanto que este evento seja uma
oportunidade para que haja uma sensibilização dos ranicultores neste sentido.
Parece que o novo cenário econômico mundial (após o atentado de 11 de setembro
em NY) poderá abrir oportunidades para o Brasil quanto à exportação de nossos
produtos.
-
Estamos
preparados?
Estamos
a disposição para maiores esclarecimentos. Muito Obrigado.
MESA-REDONDA:
PRODUÇÃO, PRODUTIVIDADE E COMERCIALIZAÇÃO. POTENCIALIDADES DO MERCADO
BRASILEIRO*
COOPERRAN-RIO
1-
Nome: Cooperativa
Agropecuária dos Ranicultores do Estado do Rio de Janeiro - COOPERRAN
2-
Endereço: Avenida Vereador Hermínio
Moreira, lote 1 quadra 39 - Sossego Itaboraí/RJ - CEP 24.800-000 – C..Postal 112487 – Tel/Fax (21) 2635-1558
3-
Fundação: 02/08/1993 - está atuando
desde 1996
4-
Área de abrangência: Atua no Estado do Rio de
Janeiro e atende também uma parte do Espirito Santo
5-
Número de cooperados, associados, integrados ou ranicultores que
representa:
Representa atualmente em torno de 50
cooperados e usuários do Abatedouro
6-
Produção ou volume
comercializado nos anos de 1999, 2000 e estimativas para 2001:
1999 foram comercializados
em torno de 20 toneladas
2000: 23 toneladas
Projeção para 2001 gira em torno de 26 toneladas
7-
Custos de produção médios informados pelos ranicultores com quem
trabalha:
O custo médio de produção segundo os ranicultores é
de aproximadamente R$ 4,50 a R$ 5,50
8-
Nicho de mercado, ou seja,
qual o local que sua empresa costuma colocar os seus produtos:
Os nossos produtos são comercializados em todo o
Estado do Rio em especial na cidade do Rio de Janeiro e também estamos
comercializando com a Argentina.
9-
Perspectivas
para o futuro: Para o futuro temos em mente expandir nosso
mercado para todo o Brasil e estaremos colocando no mercado vários subprodutos
tais como (Pathé, Ranburguer, Salsicha, Ran enlatada e comercializar Pele).
Para que tudo isso seja possível precisamos de ajuda das autoridades
competentes, pois hoje ela não existe ou não nos dá acesso.
1-
Nome: RANAJAX COMÉRCIO, IMPORT. &
EXPORT. LTDA.
2-
Endereço:
Rua 4 nº 515 -
Sala 1115 - Edif. Parthenon
Center Centro Goiânia - GO - CEP
74026-900 - Tel/fax: (oxx62) 2137060
Site: www.ranajax.com.br e-mail:
contact@ranajax.com.br
3-
Fundação: 1995 - os diretores da
empresa tem atuação na atividade desde o ano 1980
4-
Área de abrangência: Região Centro-Oeste
5-
Número de cooperados,
associados, integrados ou ranicultores que representa: 10
6-
Produção ou volume
comercializado nos anos 1999, 2000 e estimativas para 2001:
1999: 50.000 kg de rãs
vivas e 10.000 kg de carne
2000: 50.000 kg de rãs
vivas e 15.000 kg de carne
2001:
(até
Agosto inclusive): 60.000 kg de rãs vivas e 15.000 kg de carne
Previsão
Setembro – Dezembro: 30.000 kg de rãs vivas e 10.000 kg de carne
7-
Custos de produção médio informado
pelos ranicultores com que trabalha:
R$ 3 a 3,50/kg de rã viva
8-
Nicho de mercado, ou seja, qual o
local que sua empresa costuma colocar os seus produtos: MERCOSUL E ESTADOS UNIDOS
9-
Perspectivas para o futuro: Dependentes de mais mercados fora
e a comercialização de outros produtos como as peles e pratos preparados.
1-
Nome: Empresa RÃMAZON – Ranário da Amazônia S/A
2-
Endereço: Rodovia Augusto Montenegro -
Alameda Gouveia, s/n Bairro do Tocantins - CEP.: 66813-260 -
Belém - PA
Tel.: (91) 268
1270 -
288 0383 - e-mail: ramazon@expert.com.br
3-
Fundação: OUT/1990 - 11 anos de atuação na
ranicultura da Amazônia
4-
Área de abrangência: com 34.650 m2 de área
total e 12.853 m2 de área construída, distribuídos em tanques de
acasalamentos, galpão de eclosão, piscinas de girinos, galpões de engorda, área
administrativa e arruamentos
5-
Número de cooperados,
associados, integrados ou ranicultores que representa: Não há
6-
Produção ou volume
comercializado nos anos 1999, 2000 e estimativas para 2001:
No ano de 1999 não houve comercialização
2000: 37 mil
girinos, 4.,7 toneladas de rãs vivas
Projeção para 2001: 450 mil girinos, 20 mil imagos e 30
toneladas de rãs vivas
7-
Custos de produção médio informado
pelos ranicultores com que trabalha:
8-
Nicho de mercado, ou seja, qual o
local que sua empresa costuma colocar os seus produtos:
O RÃMAZON comercializa seus produtos no Brasil e no exterior
9-
Perspectivas para o futuro: Produzir 96 toneladas por ano
ACQUAMAR LTDA
1-
Nome: ACQUAMAR
AQUACULTURA, CULTIVO E COMÉRCIO LTDA
2-
Endereço: BR 101 - Km 37 - Ubatuba - São
Paulo
3-
Fundação: JUL/80 - cerca de 20
anos
4-
Área de abrangência: a empresa trabalha com reprodução,
criação, abatedouro e comercialização
5-
Número de cooperados,
associados, integrados ou ranicultores que representa: um
6-
Produção ou volume
comercializado nos anos 1999, 2000 e estimativas para 2001:
No ano de 1999 16.000 Kg
2000: 11000 Kg
Projeção para 2001: 9.600 Kg
7-
Custos de produção médios informados
pelos ranicultores com que trabalha: R$ 3,50 Kg/rã viva
8-
Nicho de mercado, ou seja, qual o
local que sua empresa costuma colocar os seus produtos:
Supermercados e Restaurantes
9-
Perspectivas para o futuro: Exportação
ABATEDOURO DE ATIBAIA
– SÃO PAULO
1-
Nome: RANÁRIO ATIBAIA PRODUTOS
ALIMENTÍCIOS LTDA
2-
Endereço: Rodovia Fernão Dias Km 41,5 -
Atibaia - São Paulo – SP
CEP 12940-970 -
11- 44122038
3-
Fundação: 28/08/92
4-
Área de abrangência: Comércio de carne de rãs dentre
outras e abate de rãs
5-
Número de cooperados,
associados, integrados ou ranicultores que representa: 50 criadores
6-
Produção ou volume
comercializado nos anos 1999, 2000 e estimativas para 2001:
1999 -
17.556,940 Kg
2000 -
14.771,250 Kg
2001 -
8.821,480 (Jan a Jul)
7-
Custos de produção médio informado
pelos ranicultores com que trabalha:
R$ 3,10 Kg da rã viva (1999)
8-
Nicho de mercado, ou seja, qual o
local que sua empresa costuma colocar os seus produtos:
Bares, restaurantes e consumidor final.
9-
Perspectivas para o futuro: As perspectivas para o futuro não
são animadoras, visto que, existem produtores com a idéia de vender e
comercializar não interessando o preço, e por esse motivo degladeiam entre si
para vender ao menor preço, não se dando conta do quanto estão perdendo. É
necessário que os futuros produtores se conscientizem de que a comercialização
é um dos itens mais importantes antes de se iniciar uma criação.
1-
Nome: AQUAVALE PRODUÇÃO E COMERCIO LTDA.
2-
Endereço: Trav. da Av. Giustiniano Borin,
648 - Bairro Caxambu Jundiaí -
SP - CEP l32l8-540
3-
Fundação: Agosto de l988 - Tempo de atuação
desde Julho de l977
4- Área de abrangência: Criação de
Rãs, Reprodução, girinagem, crescimento e engorda. Abate e processamento de
carne e abate para terceiros
5-
Número de cooperados,
associados, integrados ou ranicultores que representa:
A Aquavale possui 12 parceiros dos
quais alguns abatem toda a sua produção
de rãs e as levam para comercializar, outros vendem sua produção para a própria
Aquavale Desses produtores 4 se destacam mais por ter produção maior.
6-
Produção ou volume
comercializado nos anos 1999, 2000 e estimativas para 2001:
Volume comercializado em 1999 foi de
2400Kg de Carne de Rãs
2000 foi 36.00Kg de Carne de Rãs
2001 a estimativa e de 6000Kg de
Carne de Rãs
7-
Custos de produção médios informado
pelos ranicultores com que trabalha:
O custo de produção tem ficado em torno
de R$3,50 o Kg
8-
Nicho de mercado, ou seja, qual o
local que sua empresa costuma colocar os seus produtos:
A Aquavale atua em São Paulo, ABC, Baixada Santista, Jundiaí
e Região, Campinas e Região e interior
do Estado de São Paulo
9-
Perspectivas para o futuro: É um mercado que está em pleno
desenvolvimento, mas, falta mais atuação por parte daqueles que comercializam o
produto. Dando melhor assistência ao consumidor, o mercado torna-se bem
trabalhado absorvendo a produção.
1-
Nome:
Coorãvap - Cooperativa dos Ranicultores do Vale do Paraíba
2-
Endereço: Estrada Municipal Mário Andrade de
Souza, nº 5500 - Mato Dentro - Tremembé
– SP -
Telefone: (0XX12) 272-1485
e-mail: cooravap@terra.com.br -
Website: www.cooravap.hpg.com.br
3-
Fundação: 6 junho de 1997 - 1º abate no dia
15/10/1999
4-
Área
de abrangência: A
Coorãvap é um pólo de Ranicultura no País, englobando cooperados da região do
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina e Goiás
5-
Número
de cooperados, associados, integrados ou ranicultores que representa:
Nº de Cooperados: 87 - Nº
de empregados: 15 - Nº de famílias envolvidas: 15 (diretamente)
6-
Produção ou volume comercializado
nos anos 1999, 2000 e estimativas para 2001:
Em 1999 (Out/Nov/Dez) produção:
7.086,356 Kg - Comercialização: 430,53 Kg
Em 2000 produção: 15.231,44 kg -
Comercialização: 14.921,711 Kg
Estimativas para 2001 produção:
17.000,00 kg - Comercialização: 16.000,00 Kg
7-
Custos
de produção médios informado pelos ranicultores com que trabalha:
O custo médio de produção fica por volta de R$5,00 o quilo de rã abatida
(média de 7 rãs por quilo), estando incluídos todos os gastos fixo e transitórios.
O custo médio de produção da rã viva fica por volta de R$ 4,00 o quilo, o que
compreende 4 rãs aproximadamente.
8-
Nicho de mercado, ou seja, qual o
local que sua empresa costuma colocar os seus produtos:
A Cooperativa
possui representantes no Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.
Comercializa seus produtos em Supermercados, restaurantes, mini mercados e
realiza a venda direta para o consumidor final.
9-
Perspectivas para o futuro: Estágio de desenvolvimento atual:
A Coorãvap possui
uma capacidade de 100.000 rãs/mês, equivalente a 10 toneladas rãs/mês. Funciona
atualmente com 30% de sua capacidade. Nossas perspectivas são o aumento da
capacidade de acordo com as expectativas de vendas. Nossa visão do futuro
inclui a liberação do SIF para o Mercosul, aumentando a capacidade de produção
para 100%; o fechamento de contrato de venda de peles para beneficiamento,
agregando valor ao subproduto; a montagem de um entreposto de pescado em
Pindamonhangaba, em parceria com Prefeitura Municipal, tendo como produto
principal à carne de rã, e oferecendo outras opções de produção para os
produtores e, estabelecer parcerias com instituições de pesquisa tais como o
Instituto de Pesca de São Paulo.
[1] Ministério da Agricultura – Brasília, DF
[2] Zootecnista MSc – Profa da FAMATh - RJ
[3] Atualmente pesquisador Visitante CNPq, na UFPB
[4] Lima,S.L;Cruz, T.A; Moura, O. M. Ranicultura: Análise da cadeia produtiva, Editora Folha de Viçosa, ilustrado; 171 p., 1999. Distribuído por Funarbe (31) 38913204 (Maria).
[5] Coordenadores do PRODERan: Samuel Lopes Lima; Onofre Maurício Moura e Tancredo Almada Cruz
* As informações a seguir fazem parte de um questionário respondido pelas principais cooperativas, abatedouros e grupos de ranicultores em atuação durante o ano de 2001 e, são de responsabilidade de seus diretores e proprietários.