ARBEX et al.
Proceedings do VII SIMCOPE. Inst. Pesca, São Paulo
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INTRODUÇÃO
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geograa
e Estatística (IBGE), em 2015, a produção total da
piscicultura brasileira foi de 483,24 mil t, sendo esse
valor 23,12% maior que o total produzido em 2013.
A Região Norte foi a que apresentou os maiores
índices de produção, sendo o estado de Rondônia
classicado em primeiro lugar entre os estados com
maior produção do país, com um total de 84,49 mil
t de peixes. O Mato Grosso, por sua vez, caiu para
a terceira posição, com 47,44 mil t (BRASIL, 2015).
Juntamente com a produção, temos vivenciado
um aumento do consumo aparente anual de pescado,
passando de 9,9 Kg per capita na década de 1960
para 19,7 Kg per capita em 2013 (FAO, 2016). Isso se
deve, principalmente, à busca por alimentos mais
saudáveis.
Segundo MACIEL et al. (2012), o pescado, dentre
os outros alimentos, se destaca por suas características
nutricionais e sua associação com a qualidade de
vida, fatores que o fazem cada vez mais valorizado
em todo o mundo. Contém, comparativamente
a outros produtos de origem animal, proteína de
alta digestibilidade e valor biológico, pois possui,
na maioria das espécies, completa composição em
aminoácidos essenciais. Além disso, a carne do
pescado é rica em minerais como cálcio, fósforo,
ferro, magnésio, potássio, zinco, cobre, selênio e
iodo. Com relação às vitaminas, as que aparecem
em maior quantidade são a A, D e as do complexo
B. Dentre os possíveis benefícios da ingestão
regular de pescado, com presença de ácidos graxos
poliinsaturados ômega-3, estão: redução do risco de
Acidente Vascular Cerebral (AVC); depressão; Mal
de Alzheimer e morte por doenças cardíacas, além
de ajudar na prevenção de alguns tipos de câncer
(mama, próstata e cólon) e na redução da incidência
de aterosclerose (RUXTON, 2011; SARTORI e
AMANCIO, 2012; TACON e METIAN, 2013).
Mesmo apresentando todos esses benefícios,
o consumo per capita aparente de pescado ainda
é muito variável, há regiões que no ano de 2013
apresentaram um consumo médio de 26,6 Kg.hab
-1
.
ano
-1
(países industrializados) e outras com um
consumo médio de 7,6 Kg.hab
-1
.ano
-1
(países de baixa
renda com décit alimentar) (FAO, 2016).
Conhecer a disponibilidade dos recursos locais,
especialmente no que se refere aos alimentos
regionais e aos padrões culturais é importante para
que se possa compreender como se dão os hábitos
alimentares e padrões de consumo já que alguns
podem ser prejudiciais à saúde. Segundo (VAZ e
BENNEMAN, 2014), o perl dos indivíduos, quanto
ao comportamento e hábito alimentar, inuencia
diretamente no estilo de vida, podendo ser favorável
ao sobrepeso, obesidade e doenças crônicas não
transmissíveis.
Entre as principais razões para o baixo consumo
de pescado no Brasil estão: falta de costume e
informações; e o elevado preço se comparado aos
outros tipos de proteína de origem animal (GRACIA,
2003 e VASCONCELLOS et al., 2013). Além disso,
o pescado, muitas vezes, não está disponível aos
consumidores na quantidade e qualidade desejados
e, atualmente, há um aumento no interesse por
alimentos de conveniência, ou seja, de fácil preparo e
com atributos de qualidade. A tendência da procura
por alimento seguro tem sido outra constante nos
últimos anos e vai ao encontro das expectativas dos
consumidores (MACIEL et al., 2013a).
VASCONCELLOS et al. (2013), realizaram uma
pesquisa visando identicar os fatores determinantes
para o consumo de pescado em feiras-livres na
cidade de Santo André/SP e apuraram que os
fatores favoráveis ao consumo são a preferência
pela compra de peixe em feiras livres, aparência,
rmeza, apresentação fresca, bem como o nível de
escolaridade e a renda mensal do entrevistado. E
como fatores desfavoráveis ao consumo o preço,
presença de espinhas, perecibilidade, odor, etnia,
proximidade com os pontos de venda da residência
e trabalho, gênero, idade, número de pessoas no lar
e a presença de crianças no mesmo.
Nos últimos anos tem-se observado uma
mudança no perl alimentar da população, o que,
associado à oferta de pescado de qualidade no
mercado interno – com bons preços, conveniência,
altos índices de frescor e valor nutritivo, certicado
de origem e programas de garantia da qualidade
como Selo de Inspeção Federal (SIF), por exemplo –
pode direcionar o consumo, em especial pela oferta
de novas formas de apresentação deste alimento
(GERMANO e GERMANO, 2008; MACIEL et al.,
2012).
A população da região metropolitana de Cuiabá-
MT é formada por diversas etnias, além de povos
indígenas oriundos da região. Essa combinação
geográca, com múltiplas culturas, desenvolveu uma
cultura gastronômica rica e baseada em produtos locais.
Exemplo disso são os pratos à base de peixe, que se
tornaram marco cultural da cidade
(FAMATO, 2014).