MELO et al.
Proceedings do VII SIMCOPE. Inst. Pesca, São Paulo
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INTRODUÇÃO
A indústria alimentícia, cada vez mais, oferece
alimentos práticos, duráveis e mais atrativos para a
população. Esses alimentos sofrem perdas de micro
e macronutrientes quando submetidos às etapas de
processamento, fazendo necessário muitas vezes a
adição ou forticação, de alguns nutrientes, para
complementar as necessidades diárias de ingestão
nutricional recomendada (LIBERATO e PINHEIRO-
SANT’ANA, 2006).
Segundo a Resolução da CNNPA (Comissão
Nacional de Normas e Padrões para Alimentos)
nº 12 de 1978, do Ministério da Saúde, o alimento
enriquecido é todo aquele ao qual for adicionada
substância de nutrientes, seja repondo as quantidades
dos nutrientes perdidos durante o processamento do
alimento, seja suplementado-os em nível superior
ao seu conteúdo normal, possuindo o objetivo de
reforçar o seu valor nutricional (ANVISA, 1978).
Para o aumento proteíco, o alimento deve apresentar
teor pelo menos 25% superior à versão comparada
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998).
Dentre os maiores consumidores de massas
do mundo, o Brasil ocupa a terceira posição,
produzindo mais de 1,3 milhões de toneladas
por ano. O consumo crescente de massas no país
corresponde à aproximadamente 5,7 kg per capita ao
ano (DENARDIN, 2009).
Por definição, massas alimentícias ou
macarrão é um produto não fermentado, obtido
pelo amassamento da farinha de trigo com água
adicionado ou não de outras substâncias permitidas
pela Resolução n° 12/1978 da CNNPA (ANVISA,
1978).
Estes alimentos possuem alto índice de
aceitabilidade e definitivamente encontram-se
incorporados ao hábito alimentar do brasileiro,
sendo consumidos por todas as classes sociais, idades
e, servido como prato principal ou complemento
em diferentes preparos e refeições (MALUF et al.,
2010). No entanto, o valor nutricional destas massas
é decitário, visto que se destaca pela riqueza em
carboidratos e carência em quantidade e qualidade
proteica (NICOLETTI, 2007).
Das possibilidades para o enriquecimento desse
alimento, pode-se citar a inserção de proteínas de
alto valor biológico. Segundo GUINAZI et al. (2006),
pescado e seus derivados podem ser uma alternativa,
pois possuem fontes de proteínas de alta qualidade
e biodisponibilidade.
Os ácidos graxos poliinsaturados ômega-3
(alfa-linolênico, eicosapentaenoico-EPA e
docosahexanoico-DHA) e ômega-6 (linoléico e
araquidônico), também se fazem presentes nas
carnes de peixe, trazendo benefícios à saúde, tais
como melhoria e prevenção das doenças cardíacas
e inamatórias (MACIEL, 2011; CHICRALA et al.,
2013). No que se refere às vitaminas e minerais, são
considerados boas fontes de vitaminas do complexo
B, vitaminas A e D, bem como cálcio, ferro, fósforo,
cobre, selênio e iodo (SARTORI e AMANCIO, 2012).
Apesar de seus benefícios comprovados à saúde,
o consumo nacional de pescado possui índices abaixo
do desejado. O recomendado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) é de no mínimo de 12 kg/
hab/ano, no entanto, no Brasil, em 2013, o consumo
per capita de pescado foi de 10,87 kg/hab/ano
(FAOSTAT, 2016).
Assim sendo, a oferta de pescado é possível por
meio de mecanismos de tecnologia que possibilitam a
produção de alimentos derivados e/ou enriquecidos
com peixe. A carne mecanicamente separada (CMS)
é um produto viável, obtido pela utilização de
despolpadeiras, tendo como resultado a separação
mecanizada da parte comestível para obtenção da
polpa livre de espinha, vísceras, ossos, escamas e
pele (MPA, 2014).
A partir da CMS de peixe é possível desenvolver
variedades de produtos, como quibes, empanados,
hambúrgueres, almôndegas, escondidinho, carne
moída de peixe, bolo e outras preparações que
forneçam energia e que favoreçam a boa aceitação do
produto pelo público em geral (BOSCOLO et al., 2009;
FREITAS et al., 2012). Pode ser utilizada inclusive
para a produção de farinha. Nesse sentido, alguns
autores se beneciaram da utilização da farinha de
peixe no enriquecimento de pães, biscoitos e bolachas,
caldo e sopa, além de lanches extrusados. Essa é uma
excelente estratégia de aumentar a ingestão de peixe
no país quando as pessoas estão comprando mais
produtos alimentícios industrializados e de fácil
preparo (GOES et al., 2016).
Outro alimento que pode ser utilizado para
agregar valor nutricional a outros produtos é a
linhaça (Linum usitatissimum L.), sendo esta rica
em ácidos graxos ômega 3, apresentando também
grandes quantidades de bras dietéticas, proteínas
e compostos fenólicos (BARROSO et al., 2014). Pode
ser usada como ingrediente na alimentação, de 1% a
12%, sem riscos à saúde, na forma in natura, inteira
ou moída, inserida diretamente sobre alimentos ou