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Atividade tem potencial para crescer

Um peixe exótico ainda pouco conhecido no Brasil, mas muito cultivado no rio Mekhong, no Vietnã, o Pangasius ou Panga, se expande nas pesquisas e nos tanques dos criadores da região de Rio Preto. No Instituto de Pesca de Rio Preto - instituição vinculada à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo - três pesquisadores científicos estudam a espécie.

Os pesquisadores iniciaram os estudos em laboratório e nos tanques escavados do instituto há um ano, com bons resultados apresentados pelos criadores do peixe Panga. "É um peixe bem interessante para a criação em viveiros escavados e os criadores nos relatam que o número de peixes estocado é maior que o da tilápia", avalia o pesquisador científico Antônio Fernando Leonardo.

Ainda por ser uma espécie exótica, segundo Leonardo, muitas pessoas tinham dúvidas sobre a qualidade da produção do peixe no Brasil. "Em 2016, com o amparo legal, depois de decreto de lei do governo, o Estado de São Paulo foi o primeiro estado brasileiro a ter a regulamentação para a criação do Panga". O pesquisador afirma ainda que o peixe, de acordo com a legislação, só pode ser cultivado em tanques escavados, diferentemente dos peixes criados em rede. As condições de crescimento do peixe são muito adequadas à aquicultura, conforme o pesquisador. Um alevino da espécie Panga, com peso de 20 gramas, pode atingir, em média, 1,2 quilo no período de sete meses de criação, que é o ponto para o abate.

A produtividade do Pangasius é outra característica que chama a atenção do pesquisador. "Enquanto com a tilápia a reprodução acontece entre dois a quatro peixes por metro quadrado, com o panga são 10 ou 20 por metro quadrado".

Leonardo divide os estudos sobre a espécie com mais dois pesquisadores científicos: Giovani Sampaio Gonçalves e Elenice Pereira Barros. Juntos, eles estudam a reprodução dos peixes, a nutrição, o manejo e analisam a água. "Testamos os banhos profiláticos, com análise da concentração de sal, e os sinais clínicos, como o aparecimento de doenças e estresse do animal", diz o pesquisador.

O peixe panga, de acordo com Leonardo, possui uma respiração aérea, o que permite ao animal respirar tanto na água como colocando a cabeça para fora da água. "Fizemos então testes de transporte, caso o criador necessite transportar os peixes. E chegamos à conclusão que em caixas abertas eles respiram melhor, já que utilizam tanto o oxigênio da água como do ar atmosférico". Levantamento de 2018 mostra que o Brasil importou do sudeste asiático 70 mil toneladas de filé do peixe Pangasius, enquanto a União Europeia importou 180 mil toneladas. "Isso demonstra bem o potencial da espécie". Para Leonardo, a viabilidade econômica para o produtor, a sustentabilidade ambiental e um alimento acessível à população são aspectos importantes que se destacam na criação.

O piscicultor e presidente do conselho deliberativo da Associação de Piscicultores em Águas Paulistas e da União (Peixe SP), Emerson Esteves, acredita que a criação do Panga na região Noroeste paulista "tem um potencial enorme de crescimento". Neste ano ele já trabalha comercialmente com a produção do gênero Pangasius, com 200 mil alevinos em tanques escavados na região de Santa Fé do Sul.

Mas os estudos com a espécie do peixe se iniciaram há três anos. "Em 2017, visitei a criação do Panga no Vietnã. Fiquei dez dias no país e conheci toda a cadeia produtiva da espécie", disse o piscicultor. Ele ressaltou que o peixe exótico tem uma produtividade maior do que a tilápia, com um custo menor para o consumidor.

O Brasil é atualmente o quarto maior produtor de tilápia do mundo, de acordo com informações de Esteves. O Estado de São Paulo é responsável por 55% de toda a produção brasileira de tilápia. "É o peixe mais cultivado, com produção anual de 450 mil toneladas".

Emerson lembrou ainda que apesar de pouco consumido no Brasil, o peixe Panga já é importado do Vietnã e de países asiáticos há mais de uma década. "Iniciamos as pesquisas com a espécie em parceria com o Instituto de Pesca de Rio Preto, que apresentaram resultados muito bons. Temos água de qualidade, ração apropriada para a espécie, ou seja, o país tem tudo para a comercialização do Panga".

Na criação de peixes de Luiz Carlos Venâncio de Paula, em Engenheiro Schmitt, o peixe panga ganhou espaço há pelo menos dois anos. Ele trabalha com a engorda e recria de alevinos de várias espécies, principalmente os considerados peixes "redondos", como tambaqui, pacu, piratinga, entre outros.

"A procura pelo Panga está crescendo e acredito que vai expandir cada vez mais. É um peixe muito saboroso, tanto para o consumo do filé frito, como para fazer em molho", diz Venâncio. O piscicultor comercializa uma média de 10 mil a 20 mil alevinos de Panga por mês, abastecendo principalmente os pesqueiros da região de Rio Preto. (CC)

A produção de Pangasius em cativeiro está também no projeto desenvolvido por professores e alunos da Escola Técnica Estadual (Etec) Padre José Nunes Dias, de Monte Aprazível. "A nossa meta, além do ensino aos alunos, é fornecer alevinos com preços mais baixos para os criadores", disse o professor e zootecnista Winebaldo de Carvalho. Os alevinos são comercializados ao preço de R$ 0,40. Cerca de 60 mil alevinos foram comprados pelos criadores desde o início do projeto. A lucratividade é por quilo comercializado, destaca o professor com relação a uma das vantagens do Panga. "A espécie possui uma produtividade muito boa, com rendimento de carcaça por filé de 43%, enquanto a tilápia é de 32%".

"O que muitas vezes restringe a engorda de um pacu ou de outro peixe redondo, que precisa retirar o oxigênio da água apenas, o Panga retira também do ar, o que aumenta a produtividade em até cinco vezes mais", explica Winebaldo. (CC)

Em Santa Fé do Sul, um dos maiores frigoríficos que processam peixes na região de Rio Preto, a potência maior é com a produção de tilápia, com a comercialização de 750 toneladas por mês. O proprietário do frigorífico Brazilian Fish, Ramon Amaral, disse que por mês são 15 toneladas de Panga distribuídas para duas grandes redes de supermercados no estado de São Paulo. "O sabor é muito bom e os piscicultores já conseguem produzir um peixe de melhor qualidade em comparação ao peixe produzido no Vietnã", disse Amaral. O empresário também acredita no potencial de expansão da espécie.

Os preços do filé do Panga também são atraentes para o consumidor, segundo o proprietário do frigorífico, com o quilo do filé ao preço médio de R$ 16,00. Para Ramon Amaral, o brasileiro ainda não se acostumou com o consumo do peixe Panga, mas ele destaca que as ótimas condições sanitárias da criação do peixe no Brasil devem ser um atrativo maior para a população consumir o produto. (CC)

 

Fonte: Diário da Região, Fevereiro/2020 

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