Seguindo os passos da evolução da avicultura nacional, a carne de peixe tem potencial para dar um importante salto nos próximos anos, tornando-se, quiçá, a líder do mercado de proteína animal no Brasil e no mundo.
É o que acredita o conferencista internacional e professor doutor José Luiz Tejon Megido, que realiza a palestra “Caminhos da Proteína Aquática para Consolidação do Brasil como um Grande Player do Pescado”, no dia 24 de maio, às 11h30, no Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento do Pescado Continental, do IP-APTA (Instituto de Pesca), em São José do Rio Preto (SP). Além de abrir a programação da 11ª Aquishow Brasil, ele marca presença, na sequência, no estande da Phibro Animal Health Corporation, que é sua parceira.
“Temos uma bela jornada pela frente para que os ‘frutos das águas’, como costumo chamar, transformem-se na principal fonte de proteína da humanidade. O Brasil tem um potencial incrível para essa transformação”, opina Tejon.
O palestrante lembra que, nos anos 1980, o consumo de aves era baixo no mercado brasileiro, representando menos de 10 quilos per capita ao ano. Porém, foi realizado um trabalho sistêmico, envolvendo conhecimento, tecnologia e comunicação, para dar escalabilidade ao produto. Quarenta anos depois, a carne de frango corresponde a aproximadamente 45 quilos per capita ao ano. “As pessoas só costumavam comer frango no domingo, com macarrão. Hoje, é um dos principais alimentos do brasileiro no dia a dia”.
Ele acredita que seja possível trilhar caminho semelhante com os peixes de cultivo, como a tilápia. Não à toa, a espécie é apelidada de “frango da água”. Para isso, é necessário reunir diferentes agentes da cadeia produtiva para otimizar a gestão e o planejamento estratégico do setor de pescados. Uma das formas de se fazer isso é por meio de eventos, como a Aquishow Brasil.
“Fiz uma pesquisa em São Paulo e percebi que os peixes têm um importante ativo mental a seu favor: a maioria das pessoas o considera a proteína animal mais saudável de todas. Então, o que falta é investir em educação, comunicação e distribuição do produto, a fim de democratizar o acesso à mesa do brasileiro em todas as camadas sociais. Por que não investir em uma maquineta giratória que assa a tilápia nas padarias?”, sugere.
Para fortalecer ainda mais o desenvolvimento dos pescados no mercado interno, Tejon também defende que seja necessário investir no mercado externo. “Somos essencialmente importadores, mas temos condições de conquistar mais espaço internacional. As ações de exportações são muito positivas para a imagem do produto dentro do País. É hora de as grandes marcas saírem para vender seu peixe.”
Tilapicultura
O cultivo de tilápia é relativamente novo no Brasil. A espécie foi introduzida no mercado brasileiro nos anos 1970, mas sua criação para fins econômicos e industriais somente teve início na década de 1990.
De acordo com levantamento da PeixeBR (Associação Brasileira da Piscicultura), divulgado recentemente, o Brasil produziu 841.005 toneladas de peixes de cultivo em 2021, o que representa um aumento de 4,7% sobre a produção de 2020 (802.930 t) e um crescimento acumulado de 45% desde 2004 (578.800 t).
Boa parte desses números é proveniente da tilapicultura: 63,5%. Ainda segundo a PeixeBR, em 2021, foram produzidas 534.005 toneladas desse tipo de peixe no País, que corresponde a um aumento de 9,8% sobre o desempenho do ano anterior (486.155 t).
Currículo
Fonte: Terra e Negócios
11 abril 2022
https://terraenegocios.com/noticia/3276/carne-de-peixe-tem-potencial-para-liderar-consumo-no-brasil