Poucas pessoas no mundo foram à Antártida uma vez na vida. Quem dera seis vezes. Esse é o caso do cientista Edison Barbieri, que além de ter participado de expedições no Polo Sul, realiza uma série de pesquisas que subsidiam políticas públicas ambientais e de saúde, atividades que o levaram, no final de 2017, a receber o prêmio Excelência e Qualidade Brasil, na categoria Profissional do Ano – Mérito em Inovação Científica e Tecnológica, pela Associação Brasileira de Liderança (Braslider). A premiação foi concedida durante o evento realizado na cidade de São Paulo, em 23 de novembro último.
Nascido e criado em Bragança Paulista, o pesquisador do Instituto de Pesca (IP-Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo vive entre Cananeia – no extremo sul do litoral paulista, na divisa com o estado do Paraná – e São Paulo-SP, mas sempre quando consegue vem a Bragança Paulista visitar os parentes. A mãe, irmãos, tios e primos, moram no município. Em período de férias, Edison visitou a redação do BJD na última quinta-feira, 4, e contou um pouco de sua história.
Conforme consta em seu currículo Lattes, no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (até 1974 Conselho Nacional de Pesquisas, cuja sigla, CNPq, se manteve), órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para incentivo à pesquisa no Brasil, Edison Barbieri se formou em Oceanografia em 1989, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, foi professor da Universidade São Francisco e da FESB, entre outras instituições, concluiu mestrado em Geografia Física em 1996, na Universidade de São Paulo (USP), e doutorado em Oceanografia Biológica, também na USP, em 2000.
Durante o doutorado, Edison, que fala italiano, francês, inglês e espanhol fluentemente, passou um ano no Trinity College, na Irlanda, e já concluiu e continua realizando atividades de pós doutorado nas universidades de Siena (Itália), Estocolmo (Suécia), Costa Rica, entre outras instituições no mundo, em que participa de convênios para desenvolvimento de pesquisas. Atualmente é bolsista de produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2 e diretor do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Litoral Sul do IP, em Cananeia, e estuda as interações de efeitos da modulação de nanopartículas com poluentes sobre os organismos aquáticos.
“Antigamente, o que chamamos de poluentes emergentes eram os medicamentos. Nos dias de hoje, as nanopartículas estão presentes em materiais como tintas especiais e componentes de eletrônica e concreto, por exemplo. Por isso, estudar os efeitos de sua interação com o meio ambiente e com os organismos aquáticos é muito importante para entendermos como devemos fazer o descarte desses materiais”, explica Barbieri.
“Através desse trabalho somos consultados por vários órgãos, como Agência Internacional de Energia Atômica, e visitamos várias universidades pelo mundo”, completa.
ANTÁRTIDA
Ao longo da carreira, Edison participou ainda de seis expedições de pesquisa na Antártida, em 1996, 1997 e 1998 (liderada por brasileiros) e 2000, 2001 e 2006 (com cientistas ingleses).
CURIOSIDADE
Antes de estudar oceanografia e traçar a carreira de pesquisador, Edison deixou Bragança Paulista para morar na Argentina, aos 17 anos, e cursar Ciências Sociais na Universidade de Buenos Aires. A “aventura” durou um ano. Questionado sobre a mudança radical de área de conhecimento, Edison disse que para ele tudo se conecta.
“Foi interessante isso porque sempre tive essa linha social muito forte e ainda tenho. Eu tinha aquela coisa lúdica, do mar, de ser um Jacques Cousteau. E então fiz oceanografia. Logo quando terminei a faculdade, tínhamos uma visão extremamente cartesiana da ciência e quando fiz meu mestrado em geografia física foi muito interessante, porque me forneceu muitos subsídios na área social.
A gente saía com uma visão extremamente preservacionista, esquecendo que no meio ambiente também tem o homem. E hoje inclusive estou desenvolvendo um trabalho com o pessoal da Universidade de Estocolmo, sobre como são desrespeitados os diretos humanos em unidades de conservação.
No Brasil, as unidades de conservação foram criadas no governo militar e nada foi respeitado em relação aos direitos humanos e posse da terra, principalmente das comunidades pobres. Só que os modelos de parques e unidades de conservação continuam iguais, ou seja, com o mesmo arbítrio”, finaliza
Fonte: Bragança Jornal Diário, Jan/2018 (http://bjd.com.br/site/)
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