O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN) e diretor 1º Secretário da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Amaro Sales de Araújo, propôs nesta quinta-feira (24) incentivos ao cultivo da macroalga Kappaphycus alvarezii como fonte de potássio no Brasil, como forma de reduzir a dependência nacional de fertilizantes importados, cujos preços e fornecimento se tornaram críticos em meio ao conflito entre Rússia e Ucrânia.
A proposta foi apresentada durante reunião do Conselho Deliberativo da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Condel/Sudene) e também sugere o estudo da macroalga com vistas à obtenção do seu extrato como biofertilizante agrícola.
“Está havendo desabastecimento de fertilizantes com a crise na Ucrânia. Há falta especialmente de potássio, que o setor produtivo passou a importar do Canadá com preços 300% maiores”, disse Sales. “Essa macroalga é uma fonte de potássio que pode e deve ser incentivada para reduzir a dependência nacional. Para que tenhamos alternativas”.
O assunto foi inserido como pauta extra durante a reunião em que ele comentou que o atual cenário mundial – com o conflito entre Rússia e Ucrânia – mostrou a dependência que o Brasil tem no que se refere ao mercado de fertilizantes. “Precisamos de um Plano B no setor de fertilizantes uma vez que o país é altamente dependente nesse segmento”, disse.
Amaro Sales citou o vasto litoral que existe no Brasil, em especial o RN, para o cultivo dessa macroalga e ressaltou a importância de se ter, no Nordeste, indústrias para o processamento desta matéria-prima e transformá-la em fertilizante.
O superintendente da Sudene, general Araújo Lima, elogiou a proposição do presidente da FIERN, que também é diretor 1º secretário da CNI. “Seu papel é muito importante nesse contexto. Quem tem que agradecer é a Sudene”, afirmou.
Ainda em sua fala, o presidente da FIERN convidou o superintendente da Sudene para vir ao Rio Grande do Norte para debater esta pauta com especialistas e outras autoridades.
“Esse pode ser o início do nosso processo de independência nesse segmento de fertilizantes”, previu.
De imediato, o general colocou para apreciação dos conselheiros a proposta de colocar a sugestão do presidente da FIERN como primeira pauta da próxima reunião do Condel, o que foi acatado sem objeção.
Atualmente, no meio acadêmico, há estudos que apontam as macroalgas como importante produto de suporte às atividades do agronegócio e a cadeias produtivas relacionadas na indústria. Na última quarta (23), Amaro Sales discutiu a questão com os pesquisadores Maulori Cabral, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Antônio-Alberto Cortez, da UFRN, que desenvolvem a pesquisa intitulada “Macroalgas como suporte às atividades do agronegócio brasileiro”. Além da UFRN e UFRJ, integram essa pesquisa a UFERSA, UFC, USP, IFRN, IFCE, Instituto de Pesca da USP; associações produtoras de macroalgas e empreendedores interessados na agricultura.
O Brasil importa, atualmente, mais 85% dos fertilizantes que utiliza na agricultura, e a Rússia é responsável por 23% desse montante, de acordo com dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).
Fonte: Agora RN
25 março 2022