A região do Baixo Tietê concentra 14 áreas pré-selecionadas pelo governo estadual que podem ser transformadas em parques aquícolas. Juntos, os espaços demarcados têm a capacidade de produzir 68 mil toneladas de pescado, segundo o pesquisador Luiz Marques da Silva Ayroza, diretor técnico do Instituto de Pesca, vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
O potencial de expansão da aquicultura regional foi uma das informações apresentadas em evento realizado pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) Alta Noroeste na manhã de segunda-feira (18), em Araçatuba, com debates sobre pesquisas, mercado, processos de implantação e desenvolvimento da prática. O objetivo da reunião foi difundir a aquicultura e a piscicultura na região.
Os 14 trechos pré-selecionados receberão uma equipe do Instituto da Pesca na segunda quinzena de janeiro para que seja concluída uma análise sobre quais dessas áreas realmente poderão receber o programa estadual de parques aquícolas. Os dados primários levantados nos espaço serão encaminhados para a Cetesb, que licenciará os parques. Depois disso, o governo elaborará editais de licitação que serão abertos ao público.
Produtores de qualquer porte poderão participar. Segundo Ayroza, a secretaria estadual de agricultura pretende aproximar a pesquisa sobre aquicultura com o setor produtivo, promover o agronegócio familiar trazendo uma alternativa para o pequeno e médio produtor do Baixo Tietê, além de incentivar uma alimentação mais saudável alavancando a produção e consumo de peixes.
O pesquisador destaca que o planejamento do projeto foi realizado pelo Instituto de Pesca, atendendo decreto de 2016 que regulamentou os procedimentos para o licenciamento ambiental da aquicultura.
O diretor do Ciesp Alta Noroeste, Samir Nakad, enxerga a aquicultura como uma oportunidade de investimento. "A gente pode oportunizar uma série de negócios na produção, na indústria de transformação, na educação e no setor de frigoríficos, além de introduzir uma alimentação mais saudável ao morador", afirma Nakad. De acordo com ele, o trecho do Baixo Tietê com as 14 áreas pré-selecionadas vai de Andradina a Araçatuba.
Segundo o presidente da Peixe BR (Associação Brasileira da Piscicultura), Francisco Medeiros, um dos palestrantes do evento, atualmente o Brasil consome dois quilos de peixe importados por ano, o que equivale a aproximadamente R$ 4 bilhões aplicados em compras de pescados do exterior.
Em 2016, a piscicultura nacional produziu 640 mil toneladas, gerando uma renda de R$ 4,3 bilhões, ou seja, quase o mesmo valor investido na importação, de acordo com ele. "Ao todo, o Brasil consome 9,2 kg de pescados por habitante ao ano, incluindo produtos da piscicultura nacional. É muito pouco quando se pensa que o consumo anual de frango per capita é de 45 kg." Medeiros lembra que no passado, a carne da ave era considerada nobre e cara. Por isso, o frango fazia parte do cardápio das famílias brasileiras, principalmente nas refeições de finais de semana, o que foi superado.
A associação busca promover um processo parecido com os pescados. "Nós precisamos trazer o peixe para o almoço de terça-feira, como acontece hoje com o frango e o bife bovino." Medeiros destaca que o aumento de consumo só será possível com a entrada de novos empresários no negócio.
Segundo ele, 80% dos peixes do Paraná, principal estado produtor em cativeiro do Brasil, são vendidos para São Paulo. Ele considera a criação de parques aquícolas estaduais um avanço. "Nós temos o desafio de transformar São Paulo no maior produtor de piscicultura do País em cinco anos."