Criada em 1964 para promover o desenvolvimento da truticultura nas regiões serranas do Sudeste, a unidade de pesquisa continua na vanguarda ao desenvolver projetos de pesquisa na área de biotecnologia, que permitiu resultado inédito que pode viabilizar a produção de salmão do Atlântico em águas brasileiras, por meio de processo de aceleração da reprodução do peixe.
Os projetos foram conhecidos de perto pelo secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Gustavo Junqueira, que visitou a unidade nesta segunda-feira (20), acompanhado pelo diretor do Instituto de Pesca, Vander Bruno dos Santos. Durante a visita, Junqueira conheceu as instalações e acompanhou todo o processo de desova, incubação e alevinagem dos peixes. O secretário visitou ainda a Truticultura Ecoparque Pesca e Montanha, parceira do instituto.
Com a técnica, é possível acelerar o processo de melhoramento genético do salmão do Atlântico em até metade do tempo que seria necessário, levando em conta os métodos tradicionais. O estudo foi liderado pelo cientista do programa Jovem Pesquisador em Centros Emergentes da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) Ricardo Hattori, que desenvolveu a pesquisa no IP entre 2015 e 2019.
A dificuldade de se produzir salmão no Brasil está na temperatura das águas dos rios. A pesquisadora Yara Aiko Tabata explica que os salmonídeos, que englobam os salmões e trutas, existentes no País são do tipo landlocked, ou seja, que fazem o ciclo de vida completo em água doce.
No caso da truta, o cultivo é mais difundido no Brasil, pois ela já se encontra aclimatada e apresenta bons índices reprodutivos em águas com temperatura de 10º a 12ºC. Já o salmão do Atlântico requer temperaturas mais baixas, ao redor de 8ºC.
“Se essa limitação é tida como um entrave para seu desenvolvimento, por outro lado, o fato de não encontrar em nossas águas temperaturas compatíveis para sua reprodução natural pode ser considerado uma condição interessante para que esta espécie venha a ser empregada como uma alternativa na pesca recreativa, sem riscos para o meio ambiente em caso de eventuais escapes”, explica Yara.
(Divulgação/Secretaria de Agricultura e Abastecimento)
Os resultados dos estudos foram publicados na revista científica Aquaculture, de relevância internacional. Outro estudo liderado por Hattori sobre linhagens de truta azul foi publicado neste ano na renomada revista científica Plos One.
Anualmente, a unidade de pesquisa transfere ovos de truta para 50 produtores, aproximadamente, atendendo 10% da demanda nacional por ovos. Mais de um milhão de ovos são disponibilizados por ano, que são usados para melhorar a qualidade de 210 toneladas de truta produzidas no Brasil.
Entre resultados de pesquisa marcantes está a reversão sexual da truta para produção de lotes 100% fêmeas, aumentando a produtividade ao eliminar os machos sexualmente precoces e a triploidização, que consiste na manipulação cromossômica para a produção de lotes de peixes estéreis a fim de aumentar a produtividade por meio da eliminação da atividade reprodutiva, obtendo trutas de grande porte, com filés altos.
A truticultura brasileira é formada por pequenos produtores. Por isso, uma forma de aumentar a renda desses profissionais é o uso de tecnologias que agreguem valor à produção.
Uma grande contribuição do IP nesse sentido foi a viabilização no Brasil da técnica de salmonização da truta, ou seja, o processo de pigmentação da carne com caroteinoide adicionado à ração, deixando a carne do peixe em tom rosa, característica que agrada aos consumidores. Outro resultado foi o desenvolvimento do “caviar de truta”, um produto de grande aceitação na alta gastronomia.
Fonte: Portal R3, 22 julho 2021 (https://www.portalr3.com.br/2020/07/instituto-de-pesca-realiza-pesquisas-que-podem-viabilizar-producao-de-salmao-no-brasil/)