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Killifish está ameaçado de extinção no Brasil, diz pesquisador do Instituto de Pesca

Você sabia que as poças de água podem ter várias espécies de um peixinho chamado killifish? Também conhecidos como peixes das nuvens, essas espécies nascem a partir do depósito de ovos no fundo de poças de água temporárias, que secam durante alguns meses do ano e eclodem no período das chuvas.

Segundo o pesquisador do Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Mauricio Keniti Nagata, a maioria dos killifishes nacionais está na lista de espécies ameaçadas de extinção, por isso, está proibida de ser criada e mantida, exceto para pesquisa.

O Instituto de Pesca protocolou uma declaração de matrizes no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), em 2015, notificando-o que mantém várias espécies com origem (nota fiscal) em um de seus laboratórios, em São Paulo, Capital.

O pesquisador explica que o IP mantém e reproduz algumas espécies nacionais e importadas de killifishes há mais de 20 anos, ou seja, antes de elas serem consideradas como ameaçadas de extinção. Entre as espécies mantidas pelo Instituto está um dos raríssimos vertebrados hermafroditas auto-fecundantes, a Kryptolebias hermaphroditus (ex-Rivulus ocellatus). Essa espécie faz parte do complexo da Kryptolebias marmoratus, que é distribuída em mangues ao longo do litoral Atlântico, porém, as K. hermaphroditus estariam mais restritas aos mangues do litoral da região Sudeste, apesar de mais recentemente serem também encontradas na região Nordeste.

“A K. marmoratus já foi considerada a única espécie de vertebrado hermafrodita auto-fecundante, sendo que atualmente é um complexo de espécies que inclui a K. hermaphroditus. Existem muitas espécies de peixes hermafroditas – sequenciais ou até concomitantes, mas a auto-fecundação é a raridade”, explica.

Nagata conta que os killifishes existem em todos os continentes, exceto no australiano e no antártico. A maioria das espécies nativas é considerada como ameaçada de extinção porque é endêmica, ou seja, cada região pode ter espécies ou populações presentes apenas naquela área geográfica específica, e ficam fragilizadas por qualquer mudança em seu habitat. “Várias espécies já foram extintas e muitas estão em vias de, principalmente, por ações antropomórficas, ou seja, poluição, drenagem dos locais para empreendimentos imobiliários e outros”, afirma.

Há 20 anos a situação dos killifishes eram mesmo bem diferente da atual. Em meados dos anos 2000, a popular apresentadora infantil, Eliana, em conjunto com a empresa Estrela, lançou no Brasil o Aqua Ticos, um kit que oferecia pacotes com substratos com ovos de killifishes nacionais, alimentos e instruções para que o público pudesse hidratar os ovos e fazê-los eclodir. A ideia era que as crianças acompanhassem todo o processo de nascimento e criação dos peixinhos.

“O brinquedo se tornou muito popular e a coleção do Instituto de Pesca conta, inclusive, com killifishes nascidos desta forma. Outros apresentadores, como o Gugu, também disponibilizaram brinquedos parecidos com killifishes – o Triops (crustáceo)”, conta o pesquisador que ressalta que é importante a conscientização do público dessa época e das atuais para que não liberem nenhuma espécie em corpo d’água pelo risco de desequilíbrio ambiental.

Os aquaristas, segundo Nagata, são importantes no desenvolvimento de técnicas de criação e manutenção de espécies. “Nossa alternativa é manter as espécies extintas na natureza e sem habitat natural na aquariofilia, como uma forma de lembrete da fragilidade dos ecossistemas. Os killifishes precisam ser apreciados não só pela beleza de formas e cores, mas também pelo seu ciclo de vida peculiar. É importante ainda a preservação dos habitats naturais e vários grupos têm se engajado arduamente nessa questão”, conta.

O Instituto de Pesca elaborou e atualizou a lista de espécies ornamentais passíveis de criação no Estado de São Paulo com alguns Killifishes nacionais, seguindo os pré-requisitos da legislação federal, ou seja, espécies adquiridas com origem legal. A lista é, inclusive, consultada pela Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) para aquicultores obterem a Declaração de Conformidade de Atividade em Aquicultura (DCAA), que substitui a Licença Ambiental para determinadas propriedades no Estado de São Paulo. Mais detalhes podem ser encontrados no site https://www.cdrs.sp.gov.br/portal/.

Além disso, o IP promove cursos de criação de peixes ornamentais de água doce, ensinando na montagem e manutenção de aquários, técnicas de reprodução das principais famílias e noções dos trâmites para criação comercial de peixes ornamentais de água doce.

Fonte: APQC, 13 janeiro 2021 (https://apqcnoticias.com/?s=killi)


Killifish está ameaçado de extinção no Brasil, diz pesquisador do Instituto de Pesca
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