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Peixe cabeça-de-cobra é ameaça por causa de 'sucesso evolutivo' e ação humana; entenda o alerta 'mate e congele'

Peixe cabeça-de-cobra, de origem asiática foi encontrado recentemente nos EUA — Foto: Divulgação/Buck Albert/USGS

O peixe cabeça-de-cobra, do gênero Channa, tem origem asiática, mas virou um problema na América do Norte e já se tornou uma espécie exótica invasora em oito países por causa da interferência humana. No Brasil, ele está na lista de animais cuja importação é proibida.

Nos EUA, o animal não encontrou predadores e com seu apetite voraz tem potencial para destruir ecossistemas. O ministério de Interior americano entrou no caso e incumbiu dois grupos de cientistas para apresentarem propostas de controle e regulação.

Em um comunicado, o governo norte-americano assegura que os animais encontrados no país não apresentam riscos para humanos, mas podem prejudicar o equilíbrio dos ecossistemas das regiões afetadas e por isso devem ser controlados. Ao menos cinco estados da região registraram a presença deste animal exótico na natureza.

Mate e congele

Recentemente, o estado da Georgia soou o alerta para a presença deste peixe; aos pescadores recomendou: se pescar, mate e congele. A recomendação para que ele seja colocado no gelo é motivada pela capacidade que o animal tem de respirar fora d'água.

O congelamento garante que ele não seja devolvido vivo à natureza ou escape, já que ele também é capaz de se contorcer e tentar pular de volta à água quando deixado às margens dos rios durante as pescarias.

Mais de oito países

Não são só os EUA que se preocupam com o animal, afinal, invasores foram encontrados em ao menos mais oito países do mundo: Japão, Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Rússia, República Tcheca, Eslováquia e Madagascar já registraram a presença do cabeça-de-cobra.

No Brasil, o Ibama proíbe o comércio de peixes do gênero Channa e ao menos seis espécies diferentes estão registrados na lista de animais que não podem ser importados para o país. O órgão destaca o comportamento agressivo dos peixes e o histórico de invasões desta espécie no mundo.

Uma das hipóteses para o aparecimento destes peixes nos EUA é a de que os cabeça-de-cobra tenham sido comprados em lojas de animais de estimação, como peixes ornamentais, mas foram descartados na natureza.

Ao não encontrar predador, a espécie que se adaptou bem ao clima do país, se reproduziu livremente. Este animal é bastante requisitado internacionalmente pela prática de aquarismo, conta Sandro Tarabay, praticante deste hobby.

"Eles são muito bonitos, eles têm uma aceitação muito grande para aquaristas mais experientes", diz Tarabay. "Infelizmente aquaristas com pouca experiência encontram dificuldades para cuidar destes animais e simplesmente os soltam na natureza."

Espécies exóticas

O peixe cabeça-de-cobra, nos EUA, é considerado uma "espécie exótica"; animais recebem essa classificação quando estão fora de sua área de distribuição natural. Uma parte deles pode se proliferar e ameaçar o ecossistema local. Quando isso acontece, elas passam a ser consideradas “espécies exóticas invasoras”.

As invasões biológicas já são a segunda maior causa de extinção de espécies em todo o planeta, atrás apenas da exploração comercial, que envolve caça, pesca, desmatamento e extrativismo, segundo a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).

A Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistema da ONU lista as espécies invasoras como uma das cinco principais causas de mudanças de grande impacto na natureza nas últimas décadas.

Evolução: respira fora d'água

A dinâmica de respiração do peixe cabeça-de-cobra é parecida com a do brasileiro pirarucu, ambos são peixes que podem respirar fora da água, mas as semelhanças param por aí.

De acordo com o pesquisador da Secretaria da Agricultura, Leonardo Tachibana, o peixe de origem asiática consegue viver em ambientes muito mais hostis que o brasileiro.

"Ele consegue sobreviver na lama, por exemplo, com pouquíssima água, se o Pirarucu ficar só na lama, ele morre, precisa de água, ainda que seja com zero oxigênio. Acredito que o cabeça-de-cobra seja o resultado de um processo evolutivo de que se vivia em ambientes de lagoa que secavam", diz o especialista.

Peixe que anda?

Foi destacada a habilidade do animal em "andar" pela terra, mas não é bem assim que acontece. Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), estes animais conseguem se contorcer, e com pequenos movimentos, chegam a outras fontes de água onde se alimentam e reproduzem. O movimento é mais fácil se o solo estiver seco.

Não há registros de quais distâncias eles podem percorrer "rastejando", mas os cientistas da USGS destacam que em indivíduos adultos e maiores, esta mobilidade é bastante reduzida.

Tilápia também é invasora

Sobre outras espécies invasoras no Brasil, o pesquisador Leonardo Tachibana tranquiliza e destaca a tilápia, como exemplo. Uma espécie exótica da fauna brasileira que pôde ser introduzida "sem danos ao ecossistema".

"É um peixe onívoro, que consegue comer e filtrar plâncton e se alimentar de praticamente de tudo. Ele ocupa espaços com pouca oxidação da água, ele é um bom filtrador e bom fornecedor de carne", ressalta o pesquisador.

Para este especialista, a espécie de origem africana está no país há décadas e pode ser registrada em praticamente todo o território nacional – e nos pratos do país, afinal, a tilápia é criada para fins de alimentação.

 

Fonte: G1, Outubro/2019 (https://g1.globo.com)

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