(Foto: Noel Portugal/CCommons)
O interesse do brasileiro pelo pescado vem aumentando, mas o consumo do produto, estimado em 10 quilos por habitante ao ano, ainda está abaixo de recomendado pela Organização Mundilal da Saúde (OMS), que é de 12 quilos por pessoa ao ano. Para a pesquisadora do Instituto de Pesca de São Paulo (IP), ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, Rúbia Youri Tomita, a situação esbarra em "mitos" sobre peixes moluscos e crustáceos, que ainda fazem parte do senso comum da população no país.
Rúbia e sua colega no IP Cristiane Rodrigues Pinheiro Neiva, também pesquisadora, listam alguns desses mitos e trazem motivos para incluir ou aumentar a presença desses alimentos na dieta.
Entretanto, ela lembra que, com o desenvolvimento da cadeia do frio e da industrialização, passou a ser possível conservar o pescado por muito mais tempo e até pessoas de regiões distantes do litoral puderam ter acesso. "A cadeia produtiva está cada vez mais organizada e a qualidade cada vez melhor. Os órgãos de inspeção estão trabalhando bastante e atuando no sentido de coibir falsificações e fraudes, tentando transmitir uma segurança maior para o consumidor", garante.
As pesquisadoras salientam que, fresco ou congelado, é essencial comprar pescado em estabelecimentos de confiança, que cumpram os requisitos higiênicos-sanitários e sejam aprovados pelos órgãos fiscalizadores.
Embora algumas espécies tenham muitas espinhas e que seja necessária atenção maior, há muitos peixes com bem poucas, como variedades de bagre, cação, truta, pirarucu, entre outros, cita o informe do Instituto da Pesca. "Podemos evitar esse possível problema, tanto na escolha da espécie quanto nos modos de preparo, optando, por exemplo, pelos filés, que já vem sem espinhas", sugere a pesquisadora.
Já Rúbia alerta que, no caso das crianças, sempre é importante os pais supervisionarem o consumo dos filhos, retirando quaisquer espinhas antes de oferecer-lhes o alimento.
De acordo com o Instituto de Pesca, no momento da captura, o pescador adiciona sais de sulfito. “Caso a concentração máxima permitida desse composto for excedida, a substância pode levar pessoas a terem reações alérgicas - que, em casos extremos, podem ser graves”. Há pessoas que têm reações a variados tipos de proteínas presentes em alimentos, não apenas no pescado, mas isso é mais raro. Essas alergias estão relacionadas mais ao uso do aditivo", acrescenta a pesquisadora.
Como evitar o risco? O essencial é conhecer o fornecedor. "Há pescadores que vendem pescados com origem garantida e que evidenciam que o camarão não tem aditivos, conservadores e pode ser consumido com segurança. É algo que devemos começar a ver e tomar cuidado: a origem do que se consome", explica Cristiane.
"Fazendo experimentações, o consumidor vai ter a oportunidade de escolher entre peixes de extrativismo (pesca) ou cultivo, de água salgada ou doce, e uma enormidade de sabores e características nutricionais", propõe Cristiane.
Rúbia, por sua vez, pondera que apesar de alguns peixes serem mais gordurosos do que outros, isso não deve ser considerado um problema, pois trata-se de "gordura boa". De qualquer forma, há opções para todos os gostos.
"Uma pesquisa que fizemos em 2016 mostrou que peixes como sardinha possuem mais gordura e são mais calóricos; já tambaqui, abrótea e pescada-branca são mais magros", detalha.
Ela ressalta a necessidade de pensarmos na variedade como um fator essencial. "A indicação para o consumidor é buscar essa riqueza da diversidade de pescado e não ter uma preocupação com qual seria ‘mais saudável’, pois todos são!", concorda Cristiane.
Para as especialistas, é importante procurar a diversificação no consumo de pescados, assim como é aconselhável na seleção de quais frutas, legumes e verduras ingerir. "Não consuma apenas salmão, por exemplo. Busque variedade", aconselham.
Fonte: Revista Globo Rural, Redação Globo Rural, 10 abril 2021 (https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Criacao/Peixe/noticia/2021/04/pescado-o-que-e-preciso-para-consumir-mais-e-escolher-melhor.html)