A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de Pesca (IP-Apta), tem buscado informações diárias com as associações, cooperativas e órgãos do setor, a fim de planejar e criar estratégias para minimizar os impactos nas atividades da Pesca artesanal e industrial, assim como nas da Aquicultura, originados pela pandemia da Covid-19.
O Pesquisador Científico e Assessor da Diretoria do Instituto de Pesca, Gianmarco Silva David, afirma que a produção de alimentos está entre as atividades essenciais listadas pelas autoridades competentes e, portanto, não pode parar. “A manutenção do funcionamento das cadeias produtivas do pescado é fundamental para que a população tenha acesso continuado à alimentação de qualidade. Reconhecida a gravidade da pandemia global em curso, as atividades de Pesca e Aquicultura devem ser desenvolvidas com o mínimo de pessoas necessárias para seu pleno funcionamento, poupando as atividades que não são essenciais agora. Não podemos perder de vista o referencial de preservação da vida humana, por isso a produção precisa continuar, porém, sempre observando os protocolos de biossegurança para preservar a saúde dos trabalhadores”.
Em Ubatuba, cidade do litoral norte paulista, a Secretaria de Pesca e Agricultura além de fornecer orientações de segurança e higiene, estabeleceu diversas medidas para a continuidade do funcionamento dos estabelecimentos que estão abertos, como o Mercado Municipal de Peixe, o qual está atendendo com redução de horário; de número de boxes; de atendentes por box (os com mais de 60 anos não estão presentes); além de ter criado uma faixa de distanciamento de 1 metro entre o pescado exposto e o público, para que as pessoas não encostem ou falem perto dos alimentos. O cliente só ultrapassa a faixa quando paga ou pega a mercadoria.
Os consumidores tem plena consciência da importância do isolamento e distanciamento físico, mas, neste momento, ainda buscam por alimentos com qualidade, frescos e de rico valor nutricional como os peixes. Por isso, é preciso que todas as medidas de proteção sejam adotadas.
Segundo o pesquisador científico Giovani Sampaio Gonçalves, especialista em alimentação e nutrição de peixes, que continua suas atividades de pesquisa no Centro Avançado de Pesquisa do Pescado Continental, do Instituto de Pesca, “o mercado está muito aquecido para o consumo de ração para peixes, sobretudo para a tilápia, em função do período de Quaresma. Alguns se mostram preocupados com a produção de ração, por acharem ser o milho e a soja seus principais ingredientes, os quais estão em alta há meses, e, em virtude disso, acreditam que ela possa faltar ou sofrer aumento também; dificultando a engorda dos peixes que ainda estão em água”. Entretanto, Giovani explica que o ingrediente principal da ração para peixes é a farinha de origem animal, ou seja, de carne bovina.
A preocupação de que este tipo de farinha falte é legítima, uma vez que os abatedouros de bovinos estão diminuindo suas atividades. Aditivos, aminoácidos e vitaminas também estão sendo prejudicados com a alta do dólar e importações paradas. Contudo, “não se pode afirmar que o abastecimento do pescado não se manterá por causa disso, uma vez que existem outros ingredientes como a farinha de vísceras de aves e a farinha de pena, por exemplo. Além disso, certamente os fabricantes deverão propor mudanças nas formulações para suprir a falta de matéria-prima, caso seja necessário”, diz o especialista.
O secretário de Agricultura e Abastecimento Gustavo Junqueira afirma que o agro não pode parar e que é fundamental adotar certas medidas para o sustento da produção, com segurança. “Essas são algumas ações que estamos adotando aqui em SP para garantir o funcionamento de toda a cadeia do agronegócio, na qualidade de atividade essencial para a população, para a economia e para a saúde. Temos defendido e tomado medidas para apoiar o setor, mantendo a geração de renda e empregos, e, ao mesmo tempo, zelando pela segurança e saúde de todos que atuam nessas atividades e dos próprios consumidores”, destacou o secretário.
Fonte: Página Rural, Março/2020 (http://www.paginarural.com.br)
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