A Bacia de Santos é uma bacia sedimentar, localizada na plataforma continental brasileira, entre Cabo Frio, no Rio de Janeiro, e Florianópolis, em Santa Catarina. Essa área é intensamente utilizada para diversas atividades econômicas, abrigando o maior porto da América Latina e concentrando mais de 70% da produção nacional de petróleo. Além disso, é palco da maior atividade pesqueira do Brasil. Para entender melhor a diversidade e as características dos peixes que habitam essa região, pesquisadores desenvolveram um amplo estudo sobre a ictiofauna (conjunto de peixes de um determinado ambiente) local.
O Projeto de Caracterização da Ictiofauna Pelágica da Bacia de Santos foi realizado no contexto do "Projeto de Caracterização Regional da Bacia de Santos: Caracterização Química e Biológica do Sistema Pelágico da Bacia de Santos", coordenado pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), em parceria com outras cinco instituições de pesquisa, incluindo o Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
O estudo teve como objetivo mapear as espécies de peixes marinhos e estuarinos presentes na região, consolidar informações sobre seus ciclos de vida e estado de conservação, além de levantar dados sobre a atividade pesqueira e a dinâmica populacional dessas espécies.
Metodologia utilizada
Um levantamento detalhado sobre as espécies de peixes da costa brasileira resultou na consolidação de um banco de dados com informações essenciais sobre seus ciclos de vida. O estudo organizou dados por meio de uma estrutura relacional e espacial, reunindo informações georreferenciadas obtidas em levantamentos bibliográficos. Entre os aspectos analisados estão a ocorrência, o crescimento, a idade e a reprodução das espécies.
As informações pesqueiras foram coletadas a partir de bases de dados dos Programas de Monitoramento da Atividade Pesqueira dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Para analisar a dinâmica de crescimento, reprodução e mortalidade dos peixes, os pesquisadores utilizaram amostras de comprimento e análises biológicas, incluindo estruturas rígidas e gônadas (órgãos reprodutivos dos animais).
Entre as espécies selecionadas para essas análises estão: Balistes capriscus (Peixe-porco), Chloroscombrus chrysurus (Palombeta), Cynoscion jamaicensis (Goete), Genidens barbus (Bagre-branco), Macrodon atricauda (Pescada-foguete), Menticirrhus martinicensis (Betara-preta), Micropogonias furnieri (Corvina) e Mugil curema (Parati).
Já as espécies Oligoplites saliens (Guaivira), Pagrus pagrus (Pargo-rosa), Percophis brasiliensis (Tira-vira), Prionotus punctatus (Cabrinha), Selene setapinnis (Galo), Selene vomer (Galo-de-penacho) e Urophycis brasiliensis (Abrótea-costeira) foram coletadas apenas para a análise da estrutura de comprimentos.

O estudo registrou 2.081 publicações, que indicaram 1.186 taxas ictíicas, distribuídas da seguinte forma: 81% no nível de espécie, 12% em gênero e 4% em família. As espécies identificadas pertencem a 961 espécies, 555 gêneros, 211 famílias, 69 ordens e 4 classes.
O Instituto de Pesca é uma instituição de pesquisa científica e tecnológica, vinculada à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que tem a missão de promover soluções científicas, tecnológicas e inovadora para o desenvolvimento sustentável da cadeia de valor da Pesca e da Aquicultura.