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Representantes do varejo de pescado apresentam resultados após Semana Santa

A Semana Santa é sempre muito esperada por todos os envolvidos na cadeia do pescado, uma vez que já se tornou recorrente um aumento de cerca de 40% nas vendas de produtos durante este período.

Devido à pandemia da COVID-19, determinações do governo como o fechamento de alguns estabelecimentos comerciais e o isolamento de trabalhadores que não exercem atividades essenciais - medidas fundamentais para o combate à proliferação do novo coronavírus, mas que, inevitavelmente, contribuíram para a crise dessa cadeia e de tantas outras - fizeram com que fosse esperado um milagre nas vendas do setor.

Órgãos públicos e privados, lideranças e demais atores da cadeia têm se mobilizado desde o início da crise no país, a fim de preservar a produção, potencializar a comercialização e incentivar o consumo de diferentes espécies de pescado. As iniciativas individualizadas, inicialmente, tornaram-se mais coletivas na última semana, fortalecendo a esperança de muitos.

Esse é o caso da Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR) que unida a outras associações e cooperativas têm buscado constante diálogo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), visando apoiar piscicultores. No momento, a prioridade é conseguir a dispensa do licenciamento ambiental que libera recursos para o custeio do cultivo de peixes em cativeiro.

Outra ação que tem colaborado para a união de entidades envolvidas com a Pesca e Aquicultura tem sido da Seafood Brasil - plataforma de comunicação que incentiva o consumo de pescado e apoia os negócios da cadeia - que tem promovido encontros virtuais com líderes e representantes, fazendo um excelente trabalho de comunicar informações seguras e necessárias e de promover o diálogo unificado entre os participantes.

Resultados da Semana Santa no varejo

O segundo encontro realizado pela Seafood Brasil e mediado pelo jornalista Ricardo Torres ocorreu na última terça-feira (14), e reuniu empresários dos canais de comercialização, que discutiram os resultados das vendas de pescado na Semana Santa e as ações futuras pós-Páscoa. 

Incertos de como seriam as vendas no período, em virtude de muitos restaurantes e peixarias estarem fechados e das pessoas estarem cumprindo o isolamento, os representantes do varejo tiveram que adaptar as estratégias planejadas meses antes para a época da Quaresma. Compras de produtos para estoque são programadas, geralmente, em duas etapas: a primeira com bastante antecedência à Páscoa, a segunda pouco antes da Semana Santa. Contudo, Gerson Miranda, da KarneKeijo Food Service, distribuidora de alimentos frigorificados, secos e de culinária oriental, de Recife, informou que, descrentes do aumento da demanda, “alguns varejistas não realizaram a segunda etapa da programação”, e, em alguns estabelecimentos chegou a faltar produto para o consumidor. “O mercado nesta semana e na próxima passará com rentabilidade baixa, mas ainda está se vendendo”, concluiu Miranda.

Renata Caetano, gerente comercial de peixaria da rede de supermercados Carrefour, disse que a empresa não desacreditou da Semana Santa, pois o Brasil é um país em que a religião ajuda muito nesta época. “Nós sabíamos que o cliente iria buscar o pescado. Bastaria nós sabermos qual seria esse pescado”, diz Caetano. Para isso, toda a programação comercial e operacional teve que ser alterada, o que segundo Renata “foi um aprendizado para todos nós”. Uma das alterações foi oferecer mais peixes congelados que frescos, ainda que os últimos sejam os mais procurados, pois o cliente gosta de escolher o produto e de ser atendido pelo peixeiro. Porém, a empresa avaliou o comportamento do consumidor nas últimas semanas e constatou que o tempo de permanência nas lojas está sendo muito menor, o que a fez decidir pelos congelados, já que são mais práticos no momento da escolha. “Fizemos um bom número. Tivemos um crescimento Quaresma contra Quaresma”, afirmou Caetano, que percebeu uma migração de consumo do público, como a menor compra de bacalhau e surpreendente venda de corvina, por exemplo. Daqui pra frente a gerente acredita que todas as estratégias dependerão do que será noticiado a cada dia na imprensa, para saber como o consumidor se comportará e, assim, como a empresa agirá. 

Alterações de planejamento também ocorreram na Brascod, empresa brasileira do Grupo Rui Costa e Sousa, sediada em São Paulo, que se dedica à comercialização de bacalhau. O representante Pedro Pereira informou que devido ao impacto do câmbio e à mudança de hábito da população, “tivemos uma redução de 80% no faturamento de food service. O delivery dobrou o faturamento, mas não foi suficiente para suprir a perda”. O segmento do bacalhau seco foi o mais atingido, já que o cliente gosta da assistência do atendente no momento da escolha, o que Pereira acredita não ter ocorrido para evitar o contato. “Quem trabalhou com bandeja de postas e desfiados se saiu melhor. O bacalhau dessalgado congelado teve um bom comportamento, mas não foi igual de 2019”, revela Pereira, que propôs que todos se unam para pensar na sazonalidade do setor (aumento de vendas só na Páscoa e no Natal). “Precisamos trabalhar para vender também fora da sazonalidade", sugere o empresário. 

Para Paulo Christofani, gerente de produtos da Swift, grande varejista de alimentos com 204 lojas, “foi a Quaresma do congelado”. Ele explica que mudaram pouco a estratégia para o período, uma vez que já tinham 95% dos produtos “dentro de casa”. As lojas tiveram um movimento intenso e os congelados e pratos prontos foram os mais vendidos, atingindo um crescimento bastante significativo. Segundo Christofani “o e-commerce foi um boom!”. A família de pescado mais prejudicada foi a do bacalhau, mas conseguiu ser compensada com desfiado e postas, opções que a empresa precisou comprar adicionais devido à grande demanda. Merluza, pescada, camarão, salmão (congelado) também tiveram grande saída. O estoque de segurança de bacalhau acabou, mas já foi antecipada para este mês a programação que seria para o próximo. 

Rodrigo Joaquim, diretor comercial para o varejo do Grupo 5, que atua como elo entre a demanda e a oferta no mercado de seafoods, disse que “o mais fascinante do nosso setor é a complexidade”. Joaquim informa que o fornecimento da cadeia está sendo bem trabalhado pelas associações, que estão juntas ao governo para salvar o setor. No food service, restaurantes tentam se reerguer, mas está claro que as configurações serão diferentes para cada um quando este cenário terminar. Já o varejo tem boas notícias: a primeira é que a maioria vendeu bem, crescendo 2 dígitos em relação a 2019, e a segunda é que “talvez não tenhamos a ressaca do peixe, pois o consumidor está dentro da loja”, diz Joaquim. O que o empresário destaca é que não se deve, neste momento, cair na tentação de aumentar preço para aumentar margem, assim como não se deve deixar ter ruptura. Para isso, ele conclui que é preciso manter uma exposição criativa e atrativa nos pontos de venda, pois eles sofreram mudança de perfil. Por exemplo, loja que tinha perfil de atender mais idosos, agora não os recebe tanto; clientes entram e saem mais rápido; e, além disso, o maior desafio é lembrar ao consumidor que o pescado é um alimento altamente nutritivo, variado e com preço justo. Pensando em um futuro próximo, Rodrigo diz que “a nossa participação como fornecedor é pensar fora da caixa. Dá para fazer coisa nova!”

União pós-Páscoa

Ricardo Torres, mediador do encontro, finalizou perguntando aos participantes se falta uma iniciativa conjunta para a estratégia de incentivo ao consumo, o que foi respondido de forma afirmativa pela maioria.

Paulo Christofani, da Swift, disse que todos têm um papel fundamental em tirar os produtos da indústria e trazer para o varejista, aproveitando o momento para, também, fazer o consumidor entender que é fácil e barato consumir peixe. Renata Caetano, do Carrefour, disse que a empresa traz espécies não tão conhecidas, que são divulgadas como ‘o peixe do dia’, e que cabe aos peixeiros informar as variedades ao consumidor, que tem dificuldade de diferenciar as espécies.

Para Gerson Miranda, da KarneKeijo, tanto o camarão quanto outros pescados não são tão bem trabalhados. “O camarão precisa de boa exposição e preço, pois muitos querem comer, mas não consomem devido ao preço e não exposição”. Pedro Pereira, da Brascod, enfatiza a necessidade de união, dizendo: “Precisamos nos unir sim! É o momento, era o momento e será sempre o momento, devido à variabilidade de produtos que temos nesta cadeia.(...) O brasileiro sabe fazer o trivial, mas não conhece tudo que existe em pescado”. Rodrigo Joaquim, do Grupo 5, fortalece a opinião de todos falando que “quando se fala institucionalmente para incentivar o consumo de pescado parece algo muito distante”. Ele acredita que muitas campanhas serão feitas, mas que é preciso “começar hoje, pois neste momento não temos tempo hábil para esperar uma ação institucional articulada”.

 

Por: Gabriela Souza - CECOM - Instituto de Pesca

Imagem: Pixabay


Ásia abre as portas para exportação de pescados do Brasil
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